São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2000

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Sarney é conciliador profissional

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um conciliador profissional, que não entra em bola dividida. Assim o senador José Sarney (PMDB-AP) é definido por alguns colegas, que ainda duvidam de sua disposição para concorrer à presidência do Senado entrando em confronto direto com o presidente do seu partido, senador Jader Barbalho (PMDB-PA).
A maioria dos senadores conhece Sarney mais pelo seu passado de ex-presidente da República (1985-90) do que por sua atuação parlamentar, marcada pela discrição e pela aversão à polêmica.
As movimentações de Sarney ficam restritas aos bastidores. A maior parte do seu tempo tem sido dedicada às atividades de escritor. Membro da Academia Brasileira de Letras, lançou recentemente o romance ""Saraminda".
Colegas do PMDB o acusam de ser mais identificado com o PFL do que com seu partido. Citam seu passado na UDN, na Arena -que presidiu- e no PDS e o fato de ter dois filhos no PFL -a governadora do Maranhão, Roseana, e o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho.
Ele é visto como candidato de ACM, seu maior cabo eleitoral e responsável pelo veto do PFL à candidatura de Jader, o que reduz suas chances de ser escolhido pela bancada peemedebista.
Um parlamentar da oposição o definiu como um ""grande ex-presidente da República", comparando-o a um homem que, quando casado, não é um bom marido, mas que, ao se separar, tem comportamento irrepreensível.
Apesar de crítica em relação à atuação de Sarney na Presidência, a maior parte da oposição considera positiva sua gestão como presidente do Senado (1995-97) e apoiaria sua candidatura.
Segundo parlamentares da oposição, Sarney é visto como um parceiro mais confiável que Jader, além de ter condições de impor mais respeito à instituição.
Como presidente do Senado, Sarney deu início à estrutura de comunicação hoje existente na Casa, com televisão, rádio e jornal. Implantou o sistema de elaborar pauta de votações com um mês de antecedência, reduzindo -em relação à prática observada até então- a margem de manipulação da ordem do dia por conveniências políticas. O desempenho dele no Senado é tão discreto, que fica difícil descrever suas posições em votações polêmicas. Segundo colegas, ele se esconde para não desagradar a ninguém.
(RAQUEL ULHÔA)


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