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Delegado não é investigado após acusação de ameaçar criança
DA REPORTAGEM LOCAL
Acusado de ameaçar o filho do
juiz federal João Carlos da Rocha
Mattos, um menino de 12 anos,
sob a alegação de que ele "sabia
demais", o delegado federal José
Augusto Bellini não foi investigado pela Polícia Federal.
A denúncia foi apresentada pessoalmente há 64 dias por Norma
Regina Emílio Cunha ao superintendente da PF de São Paulo,
Francisco Baltazar da Silva. Não
foi -e nem será- aberto procedimento na Corregedoria.
Baltazar decidiu encaminhar a
denúncia para Brasília, a pedido
da Corregedoria Geral, após a deflagração da Operação Anaconda.
No dia 19 de setembro, Norma,
ex-mulher do juiz Rocha Mattos,
fez uma representação contra Bellini. Junto, entregou cópia de
uma fita cassete em que teria registrado o telefonema do delegado a seu filho -a fita conteria declarações intimidatórias.
A denúncia de Norma Cunha ficou restrita a um termo de declarações -primeiro procedimento
para qualquer tipo de acusação.
Mas o caso se torna oficial somente após a abertura de um procedimento disciplinar pela Corregedoria, o que nunca ocorreu.
O superintendente informou
que não houve tempo hábil para
abrir um procedimento disciplinar contra Bellini.
Atual corregedora da PF paulista, Stelamaris Kubota foi quem
recebeu a denúncia de Norma
Cunha, a pedido de Baltazar. Por
meio da assessoria de imprensa,
ela afirmou que, antes de abrir um
procedimento disciplinar, a PF
precisava degravar a fita, o que
demandaria mais tempo.
As escutas telefônicas gravadas
pela PF de Brasília revelam que o
então corregedor da PF paulista,
Dirceu Bertin, ligou para avisar
Bellini, que é seu amigo, sobre a
representação no mesmo dia em
que ela foi feita por Norma Cunha. Disse que tinha de lhe contar
algo, mas em um telefone fixo,
mais seguro contra grampos.
Apesar da cautela, cerca de 30
minutos depois, Bellini fez outras
três ligações e relatou seu diálogo
com Bertin -o delegado telefonou para a agente federal César
Herman Rodriguez (preso), para
a mulher, Sílvia, e para Wagner
Rocha (preso), nesta ordem.
"A Norma me representou, moça. (...) Eu recebi essa notícia às
17h porque o Bertin me ligou",
afirmou Bellini a Sílvia, às 18h17.
Bellini explicou a Rocha o motivo da representação: "Eu liguei
para falar com o João [juiz federal] e ele [o menino] atendeu. Falei: "Você é moleque, vagabundo,
você tem que se colocar no seu lugar, você tem de ser criança, rapaz. Parar com esse negócio de ficar aí atrás dos problemas de família". Você acredita que a outra
[Norma] entrou hoje com a fita e
uma representação?".
Em outros diálogos, Bellini afirmou que ameaçou o menino porque ele era um "computador" e
"sabia demais". O garoto participou de reuniões com policiais, levado pelo pai, o juiz Rocha Mattos.
(LC)
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