São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2008

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Peemedebistas comandam chefias estaduais da Funasa

Das 26 coordenações regionais, só 6 não são dirigidas por indicados do partido

Até 2003, apenas servidores de carreira podiam chefiar a Funasa nos Estados; decreto de Lula permitiu nomeações após PMDB assumir a Saúde


ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O domínio do PMDB sobre os cargos na Funasa (Fundação Nacional da Saúde) mostra por que as bancadas da Câmara e do Senado partiram para o ataque ao ministro José Gomes Temporão (Saúde) quando ele disse que órgão é corrupto.
Levantamento feito pela Folha identificou que, das 26 Coordenações Regionais da Funasa nos Estados (COREs), apenas 6 não são chefiadas por indicados de congressistas do PMDB. Desse total, apenas em quatro delas houve indicações da bancada do Senado.
Ao entrar em colisão com o presidente da Funasa, Danilo Forte, Temporão implodiu o respaldo político que tinha na bancada da sigla na Câmara. A Folha apurou que a bancada peemedebista desistiu de pedir a cabeça do ministro para não tumultuar o processo de escolha dos novos integrantes das Mesas Diretoras no Congresso. O partido trabalha para colocar Michel Temer (SP) na presidência da Câmara e ficar também com o Senado.
Nesta semana, foi cogitada a hipótese de deslocar o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a Saúde. Outra saída é oferecer o posto ao senador Tião Viana (PT-AC), deixando o caminho livre para um peemedebista assumir o Senado.
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou não querer vincular uma coisa à outra. "O Ministério da Saúde é inegociável", disse. No entanto, ele reconheceu que a Funasa é, de fato, um órgão dominado por indicações da bancadas no Congresso.
Ao lado do deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), Alves foi responsável pela condução de Forte à presidência da Funasa -na gestão de Paulo Lustosa, ele era o diretor-executivo.
Até 2003, apenas os servidores de carreira podiam comandar as coordenações regionais. A mudança foi estabelecida por decreto do presidente Lula. Foi a partir da chegada do PMDB à pasta da Saúde que os cargos nas COREs passaram para mãos de homens de confiança peemedebistas.
As coordenações representam a Funasa nos Estados. Apesar de os convênios e a liberação de recursos serem feitos em Brasília, a execução e a fiscalização das obras são atribuições das coordenações regionais. Por isso, o PMDB prefere manter postos na ponta e na sede.


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