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Ministro acumulou inimigos ao assumir postura agressiva
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
Desde que assumiu o Ministério
das Comunicações, no último dia
30 de abril, o ministro demissionário Luiz Carlos Mendonça de Barros ficou marcado pela facilidade
em conseguir inimizades e adversários.
Chamado para substituir Sérgio
Motta, morto em abril, o principal
objetivo de Mendonça de Barros
era privatizar o Sistema Telebrás.
Logo no seu primeiro dia de trabalho, disse que não temia as disputas judiciais em torno da privatização e alfinetou os juízes que
mantinham liminares contra o leilão.
Para ele, eles seguiam a "cartilha
do formalismo", o que escondia
"algum problema em relação à privatização".
O passo seguinte de Luiz Carlos
Mendonça de Barros foi reduzir a
importância da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações),
concebida por Sérgio Motta e considerada o braço direito na condução do processo de privatização da
estatal.
Ainda como presidente do
BNDES, Mendonça de Barros já
havia criticado as metas de expansão do serviço telefônico estabelecidas pela Anatel, repetindo argumentos dos investidores interessados na Telebrás -as metas seriam
economicamente inviáveis e poderiam prejudicar os resultados finais do leilão.
Críticas
As críticas repercutiram na Anatel, que acabou reduzindo as metas
previamente estabelecidas.
Mendonça de Barros e sua equipe foram alvos de 59 ações judiciais contra o leilão da Telebrás.
Pressionado por essa estratégia,
ele optou por politizar a privatização da estatal.
O ministro demissionário partiu
para o ataque com críticas a Leonel
Brizola (PDT), candidato a vice-presidente na chapa encabeçada
por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mendonça de Barros dizia que o
ex-governador do Rio não tinha
"compromisso com a verdade" ao
criticar o preço mínimo estabelecido para a estatal.
Ao receber uma proposta do PT
para o futuro das telecomunicações no país, ele a qualificou de um
"um elefante com chifres e asas". A
proposta previa a quebra do monopólio estatal e a manutenção de
uma empresa pública para o setor.
²
Divergências
As divergências de Mendonça de
Barros dentro do governo vieram à
tona em setembro, quando ele divergiu publicamente da condução
da política econômica pelo ministro Pedro Malan (Fazenda) e pelo
presidente do Banco Central, Gustavo Franco.
Ele afirmou que era preciso adotar mecanismos de restrição às importações de supérfluos, incentivar as exportações e reduzir a dependência do país em relação aos
capitais especulativos.
A criação do Ministério da Produção, confirmada pelo Palácio do
Planalto, só serviu para aumentar
as resistências a Mendonça de Barros dentro da base governista.
A nova pasta foi entendida pelos
aliados do PFL e do PMDB como
um fortalecimento excessivo do
PSDB.
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