São Paulo, terça, 24 de novembro de 1998

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FHC quer fim de disputa entre aliados

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso vai reunir os líderes e presidentes dos partidos aliados para exigir o fim das divergências -ao menos públicas- geradas pela crise do grampo telefônico, que culminou na demissão do ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros.
O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), classificou outros partidos da base de "oportunistas" e anunciou que, daqui para a frente, a relação entre os tucanos e os aliados será diferente.
"Não queiram a mesma solidariedade a alguns que agiram de forma incorreta. Não questiono o papel da oposição no processo, mas de alguns aliados do governo."
O PMDB e o PFL, que disputam espaço entre si e com os tucanos no governo, queriam a demissão do ministro Mendonça de Barros, ligado ao PSDB, para inviabilizá-lo no futuro Ministério da Produção.
Aécio afirmou que as divergências devem ficar bem claras na reunião de hoje com FHC. "Não digo que não ficarão sequelas. Há uma enorme decepção no PSDB em relação ao comportamento de aliados", completou o líder tucano.
A cúpula do PSDB decidiu insistir na criação do Ministério da Produção e na indicação de um tucano para o cargo. "O ministério é prioridade do segundo governo de Fernando Henrique. Ele é fundamental para o país voltar a crescer", afirmou o líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE).
O PPB e o PTB, partidos que também integram a base do governo, não vão participar da reunião porque o presidente considera que eles não se envolveram na disputa. Os dois partidos serão chamados para uma conversa posterior.
Aécio lamentou que a solução para o escândalo do grampo telefônico tenha sido a demissão dos quatro. "Estimula-se a ação criminosa (grampo telefônico) e a sanha de alguns em ver sangue e a saída do governo de figuras públicas."
O PMDB, que defendeu publicamente a saída do ministro, agora prega a união dos aliados. "Ninguém quer mais desgastar o governo. A melhor maneira é unir a base. O presidente deve arrumar a casa na reunião de amanhã (hoje). Devemos agora concluir a votação do pacote fiscal", disse o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), vice-líder do partido.
O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), disse que o escândalo do grampo telefônico é agora assunto para a Polícia Federal e para o Ministério Público.



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