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Telemar fica
com imagem
"arranhada'
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
O grupo Telemar sai com sua
imagem arranhada do escândalo
das gravações telefônicas que causou a demissão do ministro das
Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, do presidente do
BNDES, André Lara Resende, e do
vice-presidente do banco, José Pio
Borges.
A análise feita por integrantes da
cúpula da empresa é que o episódio diminuiu sua "credibilidade
comercial" perante os grandes
clientes (clientes corporativos),
que são os mais rentáveis.
Na avaliação de um alto executivo do grupo, a discussão sobre a lisura do processo de privatização
da Telebrás não afeta os clientes residenciais, mais preocupados com
a qualidade e com o preço dos serviços. Já os grandes usuários
-que acompanham o noticiário e
são formadores de opinião- reagem negativamente.
A revelação de que o próprio ministro das Comunicações se referia
ao consórcio Telemar como "borocoxô" e a seus integrantes como
"telegangue" é desastrosa para a
imagem da Tele Norte Leste, cuja
área de concessão abrange 16 Estados, com 86 milhões de habitantes.
Há duas semanas, a empresa vem
sendo citada nas transcrições dos
telefonemas grampeados, sempre
associada a acusações de incapacidade financeira e falta de experiência em telecomunicações.
Para agravar a situação, o ex-ministro Mendonça de Barros insinuou em diversas ocasiões -inclusive em seu depoimento no Senado- que sócios da Telemar seriam responsáveis pela divulgação
das fitas. Para ele, o principal suspeito era o empresário Carlos Jereissati, controlador do grupo La
Fonte e acionista da Telemar.
A companhia avalia que precisará restaurar sua credibilidade junto aos chamados clientes corporativos. A empresa prepara também
uma campanha publicitária destinada ao grande público para mostrar as providências tomadas a
partir da privatização para ampliar
a oferta dos serviços e melhorar o
atendimento.
²
Tensão
Os executivos do grupo dizem
que, apesar da turbulência, a empresa iniciou uma "revolução" interna para aumentar sua produtividade e eliminar os vícios da administração estatal.
Uma das providências é a renegociação dos contratos com fornecedores de equipamentos e prestadores de serviços. A Telemar está
exigindo descontos de até 70% nos
preços dos contratos assinados sob
a gestão estatal.
Na quinta-feira passada, enquanto Mendonça de Barros era
sabatinado pelos senadores em
Brasília, cerca de 6.700 empregados da Telemar (de um total de 32
mil) eram demitidos dentro do
programa de demissões incentivadas. No dia seguinte, mais mil foram cortados por decisão unilateral da empresa.
Os executivos admitem que há
tensão entre os sócios da Telemar
em razão do desejo do governo de
se desfazer dos 25% das ações da
companhia em poder do BNDES.
A Telecom Itália tem interesse nas
ações, mas a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) diz
que a negociação não pode ser efetivada porque os italianos já são
sócios da Tele Centro Sul. Enquanto o governo não definir se o
BNDES mantém ou vende as
ações, a tensão entre os sócios persistirá.
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