DO ENVIADO AO PIAUÍ

A miséria entre os piauienses que vivem no vale do rio Gurguéia (cruza as regiões sul e sudoeste do Piauí) é tanta que as crianças, a partir da chegada dos sulistas, desenvolveram uma forma criativa de ganhar uns trocados.
Pelas estradas esburacadas que ligam o vale às serras onde ficam as lavouras, meninos sujos, descalços e desnutridos ficam esperando nas margens das pistas a passagem dos "gringos", forma como é chamado o pessoal originário da região Sul.
Quando surge um carro ou caminhão, eles enchem as mãos com terra e a jogam dentro dos buracos. É uma ação simbólica a dos garotos. A terra não enche as crateras, que continuam fundas.
O que eles pretendem é, de maneira gentil e esforçada, pedir dinheiro aos motoristas. É uma atividade bem pouco lucrativa. Quando ganham alguma coisa, são moedas. No máximo, notas de R$ 1. Os amigos José Wilson, 12, e Adriano da Silva, 7, moram em casebres de barro construídos em clareiras do cerrado.
São analfabetos. Nunca estudaram. Também nunca saíram de perto do lugar onde vivem. (ST)


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