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GOVERNO PETISTA
Lula expande ministério e nomeia maioria do PT
Alan Marques/Folha Imagem
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O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, durante o anúncio de seu ministério, em Brasília |
Petistas vão ocupar 16 de 29 cargos
do primeiro escalão no futuro governo
Ciro vai para a Integração; Guido
Mantega, para o Planejamento
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ANDRÉA MICHAEL
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva, anunciou ontem 24
nomes que faltavam para completar sua equipe. Desses, 18 serão
ministros. Os demais ocuparão
órgãos vinculados à Presidência
ou a ministérios. O ministério de
Lula, com 29 pastas de primeiro
escalão, é maior do que o atual, do
presidente Fernando Henrique
Cardoso, que tem ao todo 26 ministérios, contabilizando-se secretários com status de ministros.
A equipe de ministros do novo
governo é dominada pelo PT, que
terá 16 representantes no primeiro escalão. Sete ministros pertencem aos partidos aliados. Haverá
dois empresários, dois diplomatas, um advogado criminalista e
um general. Até agora Lula anunciou 37 membros da cúpula do
governo: 23 são petistas e 14 de fora do PT. Dos não-petistas, sete
pertencem a partidos aliados e sete não têm filiação política.
"Meu papel é o de maestro",
afirmou Lula, ao dizer que será
"companheiro" nas horas boas e
ruins, durante o anúncio do ministério. Bem humorado, o presidente eleito fez brincadeiras com
vários dos nomes anunciados: "Se
dependesse da minha vontade,
lançaria um ministro por dia".
Um nome definido no último
momento foi o do economista
Guido Mantega para o Planejamento. Ele disputava a pasta com
o deputado federal eleito Paulo
Bernardo (PT-PR). Com isso, a
equipe econômica será basicamente petista, com Antonio Palocci Filho na Fazenda.
Essa formação econômica, com
José Dirceu na Casa Civil e Luiz
Gushiken no controle da publicidade, confirma a vontade de Lula
de ter um núcleo duro no governo
sob comando exclusivo do PT.
Lula, que passou o fim de semana aparando arestas no PT e entre
aliados, dedicou o dia para a formalização dos últimos convites.
Ele se reuniu com os ministeriáveis num hotel de Brasília.
Lá também esteve o ex-presidenciável do PPS, Ciro Gomes,
que veio com Lula de São Paulo
para Brasília. Nome esperado para o governo petista, Ciro é o destaque no grupo de ministros.
Novos ministros
Dos 18 ministros anunciados
ontem, 9 são petistas. O economista José Graziano ocupará a
pasta da Segurança Alimentar e
do Combate à Fome. A governadora do Rio, Benedita da Silva,
chefiará o Ministério da Assistência e Promoção Social. E o corregedor-geral da União, Waldir Pires (BA), terá status de ministro.
O governador Olívio Dutra (RS)
vai para o Ministério das Cidades,
pasta que será criada. Ex-deputado federal, amigo e um dos mais
influentes auxiliares de Lula, Luiz
Gushiken comandará a Secretaria
de Comunicação Social.
Miguel Rosseto, vice-governador gaúcho e expoente da esquerda petista, será o ministro do Desenvolvimento Agrário. O deputado federal Ricardo Berzoini
(SP) chefiará a Previdência. Secretário-geral do PT, Luiz Dulci será
o secretário-geral da Presidência.
Todos os sete ministros aliados
também foram anunciados ontem. O dirigente do PSB, Ricardo
Amaral, será ministro da Ciência
e Tecnologia. O deputado federal
Miro Teixeira (PDT), ministro
das Comunicações. O cantor Gilberto Gil (PV), ministro da Cultura. Ao anunciá-lo, lembrou que
ele veio de branco para dizer: "Eu
sou da paz". A indicação de Gil foi
criticada por petistas e artistas.
O deputado Agnelo Queiroz
(PC do B-DF), ministro dos Esportes. Lula brincou com Agnelo,
dizendo que não sabia qual esporte ele praticava, mas afirmou que
o deputado "ideologicamente é
um grande esportista".
Ciro Gomes, que chegou a ser
cotado para a Previdência, foi para a Integração Nacional. Ele se
reuniu duas vezes ontem com Lula e fechou sua participação. O fato de Ciro ter luz própria levou
petistas a jogar contra sua nomeação, mas Lula disse que ele teve
grandeza ao liderar o apoio de
aliados no segundo turno.
O deputado eleito Anderson
Adauto (PL-MG) será ministro
dos Transportes. Outro deputado, o petebista Walfrido Mares
Guia (MG), ficou com o Turismo.
O diplomata José Viegas, embaixador em Moscou, será ministro da Defesa. O general Jorge Armando Félix comandará o Gabinete da Segurança Institucional.
Viegas, Dutra e o ex-prefeito de
Porto Alegre Tarso Genro, que
comandará a secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social,
não puderam comparecer por
"motivo de trabalho", brincou
Lula. Apesar de Lula ter nomeado
uma maioria de paulistas, os gaúchos formam uma bancada de
três ministros. Nos bastidores, seções do PT de outros Estados criticaram a quantidade de ministros oriundos do Estado.
Indagada se os gaúchos haviam
criado problemas, Emília Fernandes, futura secretária da Mulher,
disse: "Não creio que tenhamos
sido problemas, mas soluções".
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