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MULTIMÍDIA
The New York Times de Nova York
Ministério de Lula surpreende e decepciona
RIO DE JANEIRO - Luiz Inácio Lula
da Silva será presidente do Brasil
só a partir de 1º de janeiro. Mas,
mesmo antes de ele dar início à
prometida reformulação do
maior país da América Latina, alguns de seus principais indicados
enfrentam acusações de conflito
de interesses ou oposição da coalizão rebelde de Lula.
O presidente eleito tem desapontado seus mais ardorosos seguidores no Partido dos Trabalhadores ao indicar pilares do estabilishment dos negócios para os
principais cargos de política econômica de seu governo. E tais indicados deverão assumir seus cargos com uma bagagem considerável: investigações judiciais, problemas com impostos e dívidas
com agências que em breve estarão sobre sua supervisão.
Para o Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior, por
exemplo, Lula escolheu Luiz Furlan, presidente da Sadia, empresa
que deve cerca de US$ 160 milhões ao BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social), que integra o ministério
a ser comandado por ele e que foi
acusado de renegociar em termos
favoráveis empréstimos de devedores politicamente influentes.
Além disso, o vice-presidente de
Lula, José Alencar, reconheceu
que sua companhia têxtil, a segunda maior do país, está sob investigação de fraude na aquisição
de algodão em leilões do governo.
Seu filho, hoje no comando da
empresa, admitiu ter manipulado
os preços do algodão para se qualificar aos subsídios do governo,
mas nega que isso seja ilegal.
Dúvidas também têm sido levantadas a respeito de um empréstimo de US$ 3,6 milhões que
Roberto Rodrigues, indicado para
o Ministério da Agricultura, ajudou a aprovar quando ocupava
um cargo público. Rodrigues é
hoje presidente da Associação
Brasileira de Agrobusiness, e sua
indicação desapontou uma grande ala do PT que esperava pela política agressiva de reforma agrária
prometida durante a campanha.
Lula foi numa direção oposta ao
nomear duas figuras de renome
internacional para ministérios em
que os brasileiros não costumam
prestar atenção: a senadora Marina Silva para o Meio Ambiente e o
cantor Gilberto Gil para a Cultura.
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