São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 2002

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MULTIMÍDIA

The New York Times de Nova York

Ministério de Lula surpreende e decepciona

RIO DE JANEIRO - Luiz Inácio Lula da Silva será presidente do Brasil só a partir de 1º de janeiro. Mas, mesmo antes de ele dar início à prometida reformulação do maior país da América Latina, alguns de seus principais indicados enfrentam acusações de conflito de interesses ou oposição da coalizão rebelde de Lula.
O presidente eleito tem desapontado seus mais ardorosos seguidores no Partido dos Trabalhadores ao indicar pilares do estabilishment dos negócios para os principais cargos de política econômica de seu governo. E tais indicados deverão assumir seus cargos com uma bagagem considerável: investigações judiciais, problemas com impostos e dívidas com agências que em breve estarão sobre sua supervisão.
Para o Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior, por exemplo, Lula escolheu Luiz Furlan, presidente da Sadia, empresa que deve cerca de US$ 160 milhões ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que integra o ministério a ser comandado por ele e que foi acusado de renegociar em termos favoráveis empréstimos de devedores politicamente influentes.
Além disso, o vice-presidente de Lula, José Alencar, reconheceu que sua companhia têxtil, a segunda maior do país, está sob investigação de fraude na aquisição de algodão em leilões do governo. Seu filho, hoje no comando da empresa, admitiu ter manipulado os preços do algodão para se qualificar aos subsídios do governo, mas nega que isso seja ilegal.
Dúvidas também têm sido levantadas a respeito de um empréstimo de US$ 3,6 milhões que Roberto Rodrigues, indicado para o Ministério da Agricultura, ajudou a aprovar quando ocupava um cargo público. Rodrigues é hoje presidente da Associação Brasileira de Agrobusiness, e sua indicação desapontou uma grande ala do PT que esperava pela política agressiva de reforma agrária prometida durante a campanha.
Lula foi numa direção oposta ao nomear duas figuras de renome internacional para ministérios em que os brasileiros não costumam prestar atenção: a senadora Marina Silva para o Meio Ambiente e o cantor Gilberto Gil para a Cultura.


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