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Mosteiro se prepara para visita do papa
Local que hospedará Bento 16, na sua passagem por São Paulo, em maio de 2007, vive "expectativa de adolescente"
Papa irá usar helicóptero e papamóvel blindado em deslocamentos na cidade; monges cogitam oferecer feijoada ao sumo pontífice
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Mosteiro de São Bento receberá o papa Bento 16 com um
cardápio que inclui muito mais
que uma suíte na clausura com
internet, telefone e bolos preparados pelos monges.
Se o papa tiver tempo, poderá
saber que índios comeram a família do fundador do mosteiro
e que a cela onde dormirá entre
9 e 11 de maio foi ocupada pelo
dalai-lama em 2003. Apesar
dos 408 anos, o mosteiro onde
vivem os seguidores de São
Bento (padroeiro da Europa e
que inspira o nome do papa) vive expectativa adolescente.
"Será nossa visita mais ilustre,
e estamos nos preparando para
isso", diz dom João Evangelista
Kovas, 31, prior do mosteiro.
Frei Mauro Teixeira foi o primeiro beneditino a chegar à cidade, em 1598. Discípulo do padre José de Anchieta, ele entrou na ordem após sua família
ser morta por índios tamoios
num ritual de canibalismo.
Em São Paulo, começou a
construir uma pequena capela,
depois deslocada para lugar
mais ilustre. "O papa vai encontrar um lugar confortável e
cheio de histórias", diz d. João.
A cela em que ficará Bento 16 é
a de número um da hospedaria
da clausura, mede 60 m2 e é dividida em três espaços (dormitório, banheiro e sala de visitas). Dela, o papa avistará o jardim com fonte de água da clausura, que está em reforma, e as
celas onde ficam os 38 monges
que moram no São Bento.
Além da cela número um, o
séquito papal vai ocupar outras
cinco celas (transformadas em
suítes) das 13 da hospedagem.
Bento 16 verá uma arquitetura
típica de Beuron, cidade alemã
localizada na Baviera -região
de origem do papa.
Arquitetura
A primeira versão do mosteiro de São Bento ficou pronta
em 1634 e foi demolida em 1910
pelo abade (responsável pelo
mosteiro) alemão dom Miguel
Kruse. Ele é tido pelos beneditinos de São Paulo como o
maior de todos os abades que
passaram pelo mosteiro por ter
tirado a ordem da decadência
no início do século 20.
O tempo em que ele ficou à
frente do mosteiro estimulou a
vinda de outros alemães. No
São Bento, o papa poderá conversar com um conterrâneo da
Baviera, o monge Plácido
Böckl, 94, junto com bolos como o Bethlehem (pistache, tâmaras e damasco) ou o bolo dos
monges (ameixas, vinho canônico e açúcar mascavo).
Papamóvel
Em 1980, quando João Paulo
2º veio pela primeira vez ao
Brasil, não foi ao São Bento
porque o centro de São Paulo,
entre outros itens, não oferecia
condições de pouso para os helicópteros nem de segurança
para os membros da comitiva.
No ano que vem, deve ser
usado um heliponto na rua da
Boa Vista. A segurança deve ficar a cargo da Polícia Federal,
com ajuda do Exército.
No breve percurso entre o
heliponto e o mosteiro, Bento
16 deve usar um "papamóvel"
blindado. O veículo será usado
ainda em outros deslocamentos do papa, como o encontro
com jovens no Vale do Anhangabaú. Sobre o cardápio do papa, d. João declarou: "Preparamos sempre comidas diferentes para hóspedes ilustres. Ainda vamos ver se terá feijoada".
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