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Berzoini diz que governo não vai aceitar "sectarização" na reforma
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, afirmou ontem
que não aceitará "nenhum tipo de
sectarização" ou "tentativa de
manipulação" no debate da reforma previdenciária. As declarações foram entendidas como um
recado a setores mais resistentes à
proposta de reforma do governo.
"Vamos tratar os servidores públicos com profundo respeito.
Não aceitaremos durante esse debate nenhum tipo de sectarização,
nenhum tipo de maniqueísmo,
nenhum tipo de tentativa de manipulação", afirmou Berzoini.
Questionado sobre a que se referia especificamente, disse apenas que "o debate tem de ser livre". Entre os setores que ameaçam radicalizar suas posições
contra a reforma está a CUT
(Central Única dos Trabalhadores), que não concorda com o tratamento diferenciado para determinadas categorias, que poderiam ficar fora do regime único de
Previdência proposto.
Para os militares, por exemplo,
o governo já acena com regras
previdenciárias especiais. Juízes,
professores, fiscais da Receita
também reivindicam que a reforma preserve direitos adquiridos e
assegure que as peculiaridades
das carreiras sejam respeitadas.
Ontem, Berzoini apresentou ao
Conselho Nacional de Previdência Social um diagnóstico sobre a
situação previdenciária. Ele disse
que o conselho -formado por
representantes dos trabalhadores,
aposentados, empresários e governo- será um fórum privilegiado no debate da reforma.
"O governo não tem uma proposta [de reforma". Tem uma referência importante e quer discutir essa referência e qualquer outra proposta com o conjunto da
sociedade", disse.
A reforma pretendida pelo governo está definida no programa
de governo do PT. A idéia é unificar os regimes previdenciários da
iniciativa privada e do setor público. Isso significa o fim da aposentadoria integral para funcionários
públicos, que estariam submetidos a um teto de benefício -como ocorre hoje no INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social).
Viagens
A partir de 1º de fevereiro, o ministro começa a viajar pelo país
para conversar com prefeitos, governadores, aposentados, sindicalistas e empresários sobre mudanças na Previdência.
No dia 13 de fevereiro, apresentará o diagnóstico da Previdência
ao Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social, comandado
por Tarso Genro. O conselho discutirá paralelamente a reforma.
"É bom iniciar o debate sobre a
reforma lembrando o país em que
estamos e qual o papel da Previdência. É bom lembrar as profundas desigualdades sociais e a péssima distribuição de renda no
Brasil", disse Berzoini, que reafirmou que até maio quer submeter
uma proposta de reforma ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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