São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Presidente afirma que economia vive momento auspicioso, mas que, se precisar, irá de cabeça erguida buscar recursos em órgãos internacionais

Pagamento a FMI não foi "bravata", diz Lula

LUCIANA CONSTANTINO
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Usando determinação que ele mesmo já deu a seus ministros neste ano eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou solenidade no Palácio do Planalto para sair em defesa do governo e, mais uma vez, da economia brasileira, dizendo que ela vive um "momento auspicioso". Para Lula, "não existe a possibilidade de o Brasil não dar certo".
"Não é só porque temos uma democracia consolidada -e na hora que você tem um governo que não serve tira e coloca outro [...]-, mas porque a economia brasileira vive um momento auspicioso. Conseguimos juntar um conjunto de fatores tão positivos que podem permitir, com muita tranqüilidade, darmos outros passos", disse.
O presidente usou o discurso para tratar de vários assuntos, desde investimentos em infra-estrutura, citando entraves que atrapalham as obras, até a auto-suficiência do país na produção de petróleo. Rebateu críticas à operação tapa-buracos nas estradas e afirmou não ter feito "bravata" com o pagamento antecipado da dívida de US$ 15,5 bilhões do país com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Eu passei muito tempo da minha vida com a bandeira "Fora, FMI". Poderia ter feito uma grande bravata. Preferi ser cauteloso", disse, acrescentando que, se precisar, irá "de cabeça erguida, sem mendigar" buscar recursos em organismos internacionais.
Apesar de não ter divulgado se será candidato ou não à reeleição, afirmou que, "quando questões menores da política não estão em jogo", é possível construir e produzir muito mais. Citou a frase ao lembrar de parceria entre a União e o Espírito Santo, governado por Paulo Hartung (PMDB). "Nem sempre as coisas acontecem com a rapidez que gostaríamos que acontecessem. [...] As coisas têm marcos regulatórios que às vezes emperram, muitas vírgulas e muitas palavras que às vezes levam meses, para não dizer anos, para serem desobstruídas."
Falava a empresários, prefeitos e autoridades que participaram da cerimônia de assinatura da resolução autorizando o início do projeto de construção da ferrovia Litorânea-Sul, no Espírito Santo.
"Finalmente a capacidade de desobstruir foi maior que a capacidade de impedir", disse, em relação ao projeto, que tem investimento previsto em R$ 700 milhões, a ser feito pela Companhia Vale do Rio Doce e pelo governo do Espírito Santo. E completou: "Muitas vezes há pessoas que se comportam tentando evitar que as coisas aconteçam. É como se fosse um jogador de um time adversário que está sempre tentando evitar que outro faça o gol".
Para Lula, o Brasil não se preparou para o crescimento econômico porque deixou estradas abandonadas, não construiu ferrovias nem investiu em portos. Foi aí que o presidente aproveitou para citar os investimentos feitos durante seu governo em linhas ferroviárias -R$ 5,3 bilhões vindos das concessionárias- e em infra-estrutura, inclusive na operação tapa-buracos, chamada de eleitoreira pela oposição.


Texto Anterior: Mudança na Constituição é polêmica
Próximo Texto: TCU fará vistoria em tapa-buraco na semana que vem
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.