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CPI DOS CORREIOS
Diretor da PF diz que Janene fez pressão por cargo
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, afirmou ontem, em audiência pública da CPI
dos Correios, que sofreu pressão
política para nomear superintendentes regionais da instituição.
Uma delas teria sido do deputado
José Janene (PP-PR), investigado
no escândalo do "mensalão", que
queria indicar, segundo ele, um
afilhado político para o cargo de
superintendente da PF no Paraná.
Em conversa reservada com o
deputado Silvio Torres (PSDB-SP), após a audiência pública, Lacerda teria dito que as pressões
para a indicação do afilhado de
Janene ocorreram em 2003 e partiram da Casa Civil, ocupada na
época por José Dirceu, e de dentro
da própria Polícia Federal.
"Quando o ministro Márcio
Thomaz Bastos me convidou, em
2002, para assumir a Polícia Federal, eu disse que gostaria de ter
uma Polícia Federal independente, a começar pela nomeação dos
cargos. Isso vem acontecendo, a
despeito de pressões políticas,
que são naturais. Políticos querem a colocação de tal pessoa em
determinada superintendência,
inclusive políticos hoje investigados pela CPI", afirmou.
Torres quis saber qual era o político investigado citado por Lacerda, mas ele afirmou que daria a
resposta reservadamente ao deputado. "Ele declarou que sofreu
pressão especificamente do deputado José Janene, em 2003, que se
utilizou da Casa Civil e de pessoas
da Polícia Federal para fazer essa
pressão", disse o deputado.
Questionado pela imprensa, Lacerda confirmou que se referia a
Janene e que o fato teria ocorrido
em 2003, mas não quis comentar
se as pressões teriam partido da
Casa Civil. "Foi simplesmente
uma intenção, prontamente rechaçada", afirmou.
A assessoria de imprensa de Janene afirmou que a Casa Civil ofereceu vários cargos ao PP, entre
eles as superintendências da Polícia Federal em Goiás e no Paraná.
O partido teria então feito um ofício com as indicações, mas algumas pessoas não teriam sido aceitas, entre elas o indicado para a
superintendência no Paraná.
Janene está entre os 18 deputados que tiveram a cassação do
mandato pedida pela CPI por suposto envolvimento com o escândalo do "mensalão". Ele é acusado de receber R$ 4,1 milhões do
"valerioduto". A Folha não conseguiu falar ontem com José Dirceu, que estava na Venezuela para
o Fórum Social Mundial.
Ainda na audiência pública, Lacerda afirmou que os Estados
Unidos têm uma cultura jurídica
própria e, por isso, podem negar o
acesso da CPI à movimentação financeira do publicitário Duda
Mendonça no exterior. Ele também afirmou que o ritmo da comissão é diferente do da investigação criminal.
"Os senhores têm a premência
do tempo e a ansiedade de apresentar resultados, por isso as cobranças às autoridades, mas muitas vezes essas investigações levam anos", afirmou o diretor-geral da Polícia Federal.
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