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Fórum Social planeja atos pelo mundo
Sem edição em 2008, movimentos sociais decidem pulverizar protestos contra evento de Davos e atrair mais ativistas
Documento produzido no fórum elogia as vitórias da esquerda na América Latina e reflete sobre a exclusão dos quenianos no encontro
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI
Depois da decisão de que não
haverá um Fórum Social Mundial em 2008, os movimentos
sociais que sustentam o encontro começaram a planejar ontem, em Nairóbi, as manifestações que farão, pelo mundo, para representar a luta contra o liberalismo e antiglobalização
durante o Fórum Econômico
Mundial, em Davos, em janeiro
do próximo ano.
A sugestão do Conselho Internacional do fórum de pulverizar atos e protestos no maior
número de cidades do mundo
durante o encontro de Davos
de 2008 foi referendada no manifesto divulgado ontem pela
Assembléia dos Movimentos
Sociais do encontro.
O documento também elogiou as vitórias da esquerda na
América Latina, criticou os Estados Unidos e refletiu sobre
um problema que ocorreu nesta edição: a exclusão do evento
de quenianos sem condições de
pagar a taxa de inscrição.
A idéia de não realizar um fórum em 2008 teve como base a
vontade de incluir, em atos que
representam as bandeiras do
fórum, ativistas que nem sempre podem ir ao evento. "É uma
demonstração da força e da extensão do movimento que o fórum representa", afirmou
Oded Grajew, um de seus idealizadores brasileiros.
O texto da Assembléia dos
Movimentos Sociais elogiou a
luta das entidades populares da
América Latina por ter conseguido vitórias eleitorais e afirmou que os movimentos sociais latino-americanos são um
exemplo para outros no mundo. Uma sugestão feita pelo
marxista Samir Amim, de que
os movimentos sociais deveriam se tornar mais ofensivos
para obter vitórias semelhantes às latino-americanas, foi incluída no documento final.
Com base nas deliberações
que tiveram no fórum, movimentos sociais incluíram no
texto manifestações pedindo
medicamentos gratuitos para
tratar Aids na África, o cancelamento da dívida externa de países pobres e uma indenização
dos países ricos aos seus credores terceiro-mundistas.
O texto pediu também a retirada das tropas americanas do
Iraque e Afeganistão e o não
envolvimento do país na exploração de petróleo iraquiano. A
Central Única dos Trabalhadores cobrou, em nome dos movimentos sociais brasileiros, a
saída imediata dos soldados da
ONU do Haiti.
Além dos protestos de janeiro do próximo ano, o dia de ontem no evento foi um desafio
porque os movimentos precisavam se dedicar à difícil tarefa
de discutir ações concretas que
colocarão em prática em sua
área até 2009, quando um novo
fórum se realizará.
Pelo menos mil pessoas participaram da assembléia. Música africana, gritos de ordem
contra o presidente dos Estados Unidos, George Bush, palmas e discursos inflamados
mantiveram o público por mais
de três horas no evento.
Além das manifestações durante o Fórum de Davos, em
2008, diversos protestos foram
marcados, como uma semana
de luta contra a dívida externa,
um dia para pedir o fim das
guerras e atos de protesto durante a reunião do G8, em junho, na Alemanha.
(ANA FLOR)
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