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DIRETAS-JÁ / 25 ANOS DEPOIS
Brasileiro é contra intervenções do governo
69% dos brasileiros dizem que União não pode proibir existência de partido político, segundo Datafolha
DA REPORTAGEM LOCAL
O brasileiro se posiciona contra intervenções do governo na
vida das pessoas e de instituições da sociedade civil e tem
posicionamento ainda mais radical em relação a atos de proibição e censura. É o que mostra
o Datafolha. Para 55%, o governo não poderia intervir em sindicatos, enquanto 62% acham
que governo não deve ter direito de proibir greve e 69% defendem que governo não pode
proibir a existência de partido
político, qualquer que seja ele.
Entre os que discordam da
possibilidade da proibição da
existência de um partido, destacam-se os jovens de 16 a 24
anos (61%), os que possuem ensino médio (62%), superior
(67%), aqueles cuja renda familiar é superior a 10 salários mínimos (72%), os simpatizantes
do PT (61%), PSDB (64%) e os
que moram no sudeste (61%).
A oposição é mais forte quando se tratam de liberdades relacionadas à política e à imprensa. São 73% os que creem que o
governo não deve ter o direito
de censurar a mídia. Já 74%
acreditam que o governo não
deve poder fechar o Congresso.
"Os dados são bastante positivos para o aspecto da democracia chamado, por alguns estudiosos, de liberdades negativas, ou seja, o poder da população sobre o que ela não quer
que o Estado faça, algo como
uma restrição à ideia de poder
autoritário", diz o professor de
ciência política da USP Cícero
Romão Resende de Araújo, especialista em teoria de democracia e moralidade política.
O professor diz, no entanto,
que outro aspecto da democracia está mais fragilizado na
atualidade, o das liberdades positivas ou aquilo que a sociedade quer que o Estado faça.
"Você precisa de uma sociedade política forte, independente da administração do Estado e de interesses corporativos, das vontades do chamado
"soft power" do dinheiro. Mas
hoje pode haver uma impressão de que os partidos são extensões de corporações e que o
Parlamento é uma espécie de
Federação das corporações."
Como exemplo dessa fragilidade, ele cita a baixa aprovação
ao Congresso. Segundo a mais
recente pesquisa Datafolha, ele
obteve sua melhor marca, mas
com apenas 19% de ótimo ou
bom. Já 31% dos entrevistados
disseram considerar ruim ou
péssimo o desempenho dos deputados e senadores.
Para Araújo, as Diretas-Já
marcaram o ponto alto de encontro entre a sociedade civil e
uma sociedade política forjada
nos últimos anos da ditadura.
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