São Paulo, segunda, 25 de janeiro de 1999

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Ministro vai manter "afilhado' de Tuma

da Sucursal de Brasília

O ministro Renan Calheiros (Justiça) disse que por enquanto manterá no cargo o chefe da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes), Marco Antonio Cavaleiro, "apadrinhado" do senador Romeu Tuma (PFL-SP), cuja demissão foi pedida pelo diretor-geral do órgão, Vicente Chelotti.
"Num segundo momento iremos fazer as modificações necessárias", disse, atribuindo a um erro de burocracia a demissão do chefe da DRE, assinada no início deste mês e revogada um dia depois.
Calheiros negou que o senador paulista, ex-diretor da PF, tenha interferido para assegurar a recondução de Cavaleiro ao cargo.
O diretor-geral da PF disse que a exoneração do chefe da DRE foi proposta ao ministro dentro de uma série de modificações que pretende introduzir no órgão com o objetivo de aperfeiçoá-lo.
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Descentralização No caso de Cavaleiro, o diretor-geral quer substituí-lo para descentralizar as ações de combate ao narcotráfico. Quando assumiu a direção da PF há quatro anos, Chelotti disse que a DRE possuía vários carros parados em Brasília, enquanto a superintendência do Acre não tinha nenhum.
"Não há nada de pessoal contra ele", disse o diretor-geral, referindo-se ao chefe da DRE, com o qual não despacha há anos. "É uma questão de visão profissional", acrescentou Chelotti.
Em sua opinião, Cavaleiro quer manter a DRE com o monopólio das ações de combate ao narcotráfico, gerando grande despesa para a instituição com o deslocamento de pessoal lotado em Brasília para atuar em áreas distantes da Amazônia, do Centro-Oeste e do Nordeste.
Esse mesmo trabalho, afirmou ele, pode ser realizado com maior eficiência pelas superintendências estaduais, que conhecem com mais detalhes a atuação das quadrilhas de traficantes
Após ser reconduzido ao cargo, Cavaleiro disse à Folha que concordaria em deixar a DRE, mas exigia respeito do diretor-geral.
Chelotti confidenciou a assessores que já aprendeu no cargo a difícil arte de "engolir sapos". Não irá exigir a saída de Cavaleiro, mas não fará nenhum esforço para dar novas missões à DRE.



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