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Delegado depõe e acusa ex-assessor
DO ENVIADO A SALVADOR
O delegado Valdir Barbosa afirmou ontem, em depoimento à
Polícia Federal e ao Ministério
Público, que seu ex-assessor direto Alan Farias é o responsável pelos grampos telefônicos ilegais
instalados na Bahia.
Barbosa solicitou à Justiça, entre
março e outubro de 2002, a instalação dos grampos em telefones
da Bahia, entre eles os dos deputados Geddel Vieira Lima (PMDB) e
Nelson Pellegrino (PT), e da ex-namorada do senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL), a advogada Adriana Barreto.
O delegado, em um depoimento
que durou quase cinco horas, negou ter sido ele quem incluiu os
números dos parlamentares e da
advogada em seus pedidos. À
época, Barbosa dizia investigar
um caso de sequestro ocorrido
em Itapetinga (BA). Ele também
disse que não conhece Adriana e
seu marido, Plácido Faria.
Segundo o procurador da República Edson Abdon, os nomes
de ACM e da ex-secretária de Segurança da Bahia Kátia Alves não
foram citados no depoimento. O
delegado também disse que não
teve acesso ao conteúdo das gravações decorrentes do grampo.
"Eu não diria que ele [Barbosa]
mentiu [em seu depoimento],
mas diria que ele faltou com a verdade", disse Abdon. O depoimento do delegado acabou por volta
das 20h de ontem. Alan Farias começou a ser ouvido em seguida.
O ex-assessor direto de Barbosa,
ainda funcionário da Secretaria
de Segurança Pública da Bahia,
afirmou ontem à tarde, ao chegar
ao prédio da PF em Salvador, que
estava disposto a "abrir a caixa
preta" do caso dos grampos.
De terno preto e óculos escuros,
Farias estava acompanhado apenas de seu um advogado. "Vou
contar todo o modus operandi do
grampo, estou disposto a abrir a
caixa-preta", disse aos jornalistas.
O assessor, no entanto, se recusou a entrar em detalhes sobre o
conteúdo do que chamou de "caixa-preta". "Isso só vou falar para
o delegado."
Farias, segundo o delegado Gesival Gomes de Souza, da PF, era
quem operava a central montada
dentro da Polícia Civil para realizar os grampos criminosos.
Enquanto aguardava seu depoimento, Farias encontrou-se com
o delegado. Os dois limitaram-se
a um aperto de mãos.
O delegado, de terno cinza claro, evitou olhar diretamente para
seu subordinado e conversou rapidamente com os jornalistas.
"Não vou falar nada que tenha
relação direta com os grampos",
disse ele. "Mas sei que devo satisfações à sociedade."
O depoimento de Barbosa começou por volta das 15h e não havia terminado até as 19h30. Farias
falaria em seguida.
Abdon não ficou convencido de
que Barbosa não tenha participação nos crimes. Segundo ele, o delegado poderá ser indiciado por
mais de um crime.
"Eu acho que se trata de uma organização criminosa, quando
passa de quatro é bando ou formação de quadrilha. Com certeza,
há pessoas acima do Valdir, de
dentro do governo ou com influência no governo da Bahia",
disse o procurador.
Sigilo
A Justiça baiana determinou
ontem, após pedidos dos procuradores que acompanham o caso,
o fim do sigilo no inquérito.
"Não queríamos passar para a
sociedade a idéia de que o Ministério Público Federal é contra a
transparência das investigações",
disse o procurador Edson Abdon,
que no sábado havia obtido liminar garantindo o sigilo.
O senador Juvêncio Fonseca
(PMDB-MS), presidente da Comissão de Ética do Senado acompanhou os depoimentos ontem.
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