São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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MST invade em SP para pressionar governo federal

Com nova estratégia, movimento faz 14ª invasão em uma semana no interior paulista para cobrar "agilidade" da União

Fazenda ocupada fica em Araçatuba; anteontem, José Rainha Jr., líder sem terra, determinou saída de áreas no Pontal do Paranapanema

Caio Guatelli/Folha Imagem
Integrantes do MST montam acampamento dentro da fazenda Floresta, em Araçatuba (SP)


CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM ARAÇATUBA

Um dia após José Rainha Jr. determinar a desocupação de fazendas no Pontal do Paranapanema (oeste de SP) em troca de uma reunião com representantes do governador José Serra (PSDB), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) controlado pelo coordenador, aliado a agricultores de sindicatos ligados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), promoveu a 14ª invasão de fazenda em uma semana no interior de São Paulo.
A invasão ocorreu ontem, por volta das 5h, na fazenda Floresta, em Araçatuba (530 km a noroeste de SP). Segundo a coordenação, cerca de 200 pessoas participaram do ato e outras 200 deveriam chegar ao local até o final da tarde de ontem. A Polícia Militar não havia ido à propriedade até o início da tarde de ontem.
A ação faz parte da chamada "jornada de luta pela reforma agrária", a que o MST e a CUT deram início há uma semana na região, com a invasão de 13 fazendas em pouco mais de 24h.
Segundo MST e CUT, a invasão de ontem é para cobrar "agilidade" do governo federal e "denunciar a morosidade da Justiça" no julgamento dos processos de desapropriação.
A fazenda Floresta, segundo o MST, já teria sido negociada com o Incra e tem 976 hectares.
Com a possibilidade de agendar uma audiência com o secretário da Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, e com o diretor-executivo do Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), Gustavo Ungaro, a estratégia agora é mirar o governo federal.
"A realidade naquela região é outra, completamente diferente daqui da do Pontal. Lá, a negociação é com o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária]. E também estamos denunciando a lentidão da Justiça no julgamento das ações", disse Rainha.
Ele afirmou aguardar uma audiência com o presidente Lula. "Fizemos o pedido e estamos aguardando a resposta."
As invasões, segundo ele, são também para forçar a troca do ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. "Insisto que o [ministro] que está aí não funciona."
O coordenador do MST Sérgio Pantaleão disse, em assembléia, que, nos próximos dias, duas áreas vizinhas à fazenda Floresta serão invadidas.
"Essas fazendas fazem parte de um pacote de vistorias do Incra, em 2001. E, até agora, não foram desapropriadas", afirmou o presidente do Sintraf (Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar) de Araçatuba, José Carlos Bossolan, integrante da CUT.

Outro lado
A Presidência do Incra informou, via assessoria, que não fala sobre movimentos sem-terra, indicando a superintendência do órgão em São Paulo para comentar a invasão. A reportagem deixou recados nos celulares de dois assessores da superintendência. O Ministério do Desenvolvimento Agrário também informou que caberia ao Incra de SP falar sobre a ação.


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