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PF afirma que Silas Rondeau encontrou dono da Gautama
Relatório aponta que ex-ministro de Minas e Energia se reuniu com Zuleido Veras antes de suposto pagamento
Suspeito em fraude de licitações públicas foi ao gabinete do ministério tratar de aditivo de contrato com estatal de energia do Piauí
LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empreiteiro Zuleido Veras,
dono da construtora Gautama,
esteve no gabinete de Silas
Rondeau (Minas e Energia)
duas semanas antes do suposto
pagamento de R$ 120 mil ao
então ministro, de acordo com
relatório da Diretoria de Inteligência da Polícia Federal, ao
qual a Folha teve acesso.
Segundo o documento da PF,
elaborado como resultado da
Operação Navalha, Zuleido e
Sérgio Sá, lobista da Gautama,
foram ao gabinete de Rondeau
tratar de um aditivo a um contrato da Cepisa (estatal de
energia do Piauí) com a empreiteira, que venceu licitação
de uma obra no âmbito do programa Luz para Todos.
O projeto seria financiado
pela Eletrobrás, subordinada
ao Ministério de Minas Energia. A PF relata que a reunião
entre Zuleido, Sá e Rondeau teria ocorrido no dia 27 de fevereiro do ano passado. O diagrama da Diretoria de Inteligência
detalha passo a passo as movimentações do empreiteiro e de
seus funcionários até o suposto
pagamento de R$ 120 mil a
Rondeau no dia 13 de março,
episódio que contou com a participação de Ivo Costa, assessor
especial do ex-ministro.
O relatório da PF é a base da
denúncia que deve ser oferecida pelo Ministério Público Federal nos próximos dias contra
os 42 indiciados na Operação
Navalha, que desbaratou a quadrilha chefiada por Zuleido,
envolvida numa série de fraudes em licitações de obras públicas. Não fica claro no relatório se o aditivo ao contrato chegou a se concretizar.
Segundo a revista "IstoÉ",
que divulgou o diagrama da PF
no final de semana, Rondeau e
Ivo divergiram nos depoimentos ao Superior Tribunal de
Justiça. O ex-ministro diz que
não há registro de visita de Zuleido a seu gabinete. Ivo confirma que Zuleido esteve uma vez
com Rondeau, junto com o lobista Sérgio Sá. A Folha deixou
recado na casa do advogado de
Rondeau, José Gerardo Grossi,
mas ele não telefonou de volta.
O relatório da PF informa
uma série de eventos entre a
reunião no gabinete de Rondeau e o suposto pagamento.
Há transcrições de conversas
telefônicas, fotografias e reprodução de documentos, como as
agendas de Zuleido e de Gil Jacó Carvalho Santos, diretor financeiro da Gautama. Na agenda de Gil, há várias anotações
sobre pagamentos a pessoas.
Uma delas é "120.000-ministro
BSB". Para a PF, o registro "se
refere, provavelmente, à programação de remessa de propina para Brasília, destinada a Silas Rondeau".
Em diálogo em 9 de março,
quatro dias antes do suposto
pagamento, Zuleido conversa
com uma funcionária da Gautama sobre o valor a ser pago a
Ivo, que a PF identifica como
então assessor do ex-ministro.
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