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Morre José Carlos de Almeida Azevedo, ex-reitor da UnB
Físico tinha 78 anos, estava internado com quadro grave de câncer e foi enterrado ontem em Brasília
DA REDAÇÃO
Morreu anteontem o físico
José Carlos de Almeida Azevedo, ex-reitor da Universidade
de Brasília. Hospitalizado desde a semana passada com quadro grave de câncer de próstata,
fígado e ósseo, Azevedo morreu
por volta das 21h30 em decorrência de uma infecção pulmonar. Tinha 78 anos, duas filhas e
três netos. Foi enterrado ontem em Brasília, onde vivia com
sua mulher, Maria do Carmo.
Nascido em Salvador no dia
11 de janeiro de 1932, Azevedo
tornou-se guarda-marinha pela Escola Naval do Rio de Janeiro em 1954. Entre 1960 e 1962,
obteve os mestrados em engenharia e arquitetura naval, em
física e em engenharia nuclear
pelo prestigioso Instituto de
Tecnologia de Massachusetts
(MIT), nos EUA. Três anos depois concluiria doutoramento
em física, também no MIT.
De volta ao Brasil, Azevedo
não seguiu a carreira acadêmica "normal" de um pesquisador
competente como ele era, segundo seus amigos. Em vez de
prosseguir com a produção
científica, o físico optou por um
caminho de gabinete. De 1965 a
1968, foi vice-diretor do Instituto de Pesquisas da Marinha e,
no final da década de 60, assumiu a vice-reitoria da UnB.
Sua atuação acadêmica mais
notada, porém, viria anos mais
tarde. Entre 1976 e 1985, Azevedo foi reitor da UnB.
Sua passagem pela Reitoria
da UnB é polêmica. Capitão de
mar e guerra (posto de oficial
da Marinha), Azevedo era identificado pela maior parte da comunidade acadêmica como
preposto do regime militar.
Por causa disso enfrentou,
sobretudo nos primeiros anos
de sua direção, séria oposição
de alunos e professores. O principal embate deu-se em maio e
junho de 1977, quando Azevedo
permitiu que a Polícia Militar
invadisse o campus da UnB para inibir uma greve estudantil.
A despeito disso, Azevedo foi
o primeiro reitor a ocupar o
cargo na UnB por duas gestões
consecutivas. Segundo professores que à época davam aulas
na universidade, o episódio fez
com que ficasse apagada a verdadeira contribuição que o então reitor deu à UnB.
Datam da gestão de Azevedo
a inauguração de diversos cursos de graduação e pós-graduação, construção de bibliotecas e
contratação de renomados professores do Brasil e do exterior.
A veia polêmica do ex-reitor
também se manifestou em diversas frentes na cena pública.
Participante ativo do debate intelectual, Azevedo sempre foi
voz presente nas discussões sobre educação e, mais recentemente, a respeito do aquecimento global -campo em que
se destacou como um dos mais
fervorosos "termocéticos" críticos das teses do IPCC.
A presença de Azevedo nesses debates se dava de muitas
formas, mas sobretudo por
meio da páginas da Folha. Já
em 1976, por exemplo, escrevia
para o jornal um polêmico artigo contra a proliferação dos
cursos de medicina no Brasil.
De 2007 para cá, Azevedo se
dedicava a criticar a tese do
aquecimento global antropogênico. Nesse período, publicou
uma dezena de artigos sobre o
tema na seção "Tendências/
Debates" e discutiu com diversos interlocutores, muito embora alguns o considerassem
mais um polemista do que uma
autoridade na área.
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