São Paulo, quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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Morre José Carlos de Almeida Azevedo, ex-reitor da UnB

Físico tinha 78 anos, estava internado com quadro grave de câncer e foi enterrado ontem em Brasília

DA REDAÇÃO

Morreu anteontem o físico José Carlos de Almeida Azevedo, ex-reitor da Universidade de Brasília. Hospitalizado desde a semana passada com quadro grave de câncer de próstata, fígado e ósseo, Azevedo morreu por volta das 21h30 em decorrência de uma infecção pulmonar. Tinha 78 anos, duas filhas e três netos. Foi enterrado ontem em Brasília, onde vivia com sua mulher, Maria do Carmo.
Nascido em Salvador no dia 11 de janeiro de 1932, Azevedo tornou-se guarda-marinha pela Escola Naval do Rio de Janeiro em 1954. Entre 1960 e 1962, obteve os mestrados em engenharia e arquitetura naval, em física e em engenharia nuclear pelo prestigioso Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA. Três anos depois concluiria doutoramento em física, também no MIT.
De volta ao Brasil, Azevedo não seguiu a carreira acadêmica "normal" de um pesquisador competente como ele era, segundo seus amigos. Em vez de prosseguir com a produção científica, o físico optou por um caminho de gabinete. De 1965 a 1968, foi vice-diretor do Instituto de Pesquisas da Marinha e, no final da década de 60, assumiu a vice-reitoria da UnB.
Sua atuação acadêmica mais notada, porém, viria anos mais tarde. Entre 1976 e 1985, Azevedo foi reitor da UnB.
Sua passagem pela Reitoria da UnB é polêmica. Capitão de mar e guerra (posto de oficial da Marinha), Azevedo era identificado pela maior parte da comunidade acadêmica como preposto do regime militar.
Por causa disso enfrentou, sobretudo nos primeiros anos de sua direção, séria oposição de alunos e professores. O principal embate deu-se em maio e junho de 1977, quando Azevedo permitiu que a Polícia Militar invadisse o campus da UnB para inibir uma greve estudantil.
A despeito disso, Azevedo foi o primeiro reitor a ocupar o cargo na UnB por duas gestões consecutivas. Segundo professores que à época davam aulas na universidade, o episódio fez com que ficasse apagada a verdadeira contribuição que o então reitor deu à UnB.
Datam da gestão de Azevedo a inauguração de diversos cursos de graduação e pós-graduação, construção de bibliotecas e contratação de renomados professores do Brasil e do exterior.
A veia polêmica do ex-reitor também se manifestou em diversas frentes na cena pública. Participante ativo do debate intelectual, Azevedo sempre foi voz presente nas discussões sobre educação e, mais recentemente, a respeito do aquecimento global -campo em que se destacou como um dos mais fervorosos "termocéticos" críticos das teses do IPCC.
A presença de Azevedo nesses debates se dava de muitas formas, mas sobretudo por meio da páginas da Folha. Já em 1976, por exemplo, escrevia para o jornal um polêmico artigo contra a proliferação dos cursos de medicina no Brasil.
De 2007 para cá, Azevedo se dedicava a criticar a tese do aquecimento global antropogênico. Nesse período, publicou uma dezena de artigos sobre o tema na seção "Tendências/ Debates" e discutiu com diversos interlocutores, muito embora alguns o considerassem mais um polemista do que uma autoridade na área.


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