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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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CASO SILVEIRINHA

Líder do governo na Assembléia também será convocado

Benedita e Garotinho serão chamados para depor na CPI

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

A CPI do "Propinoduto" decidiu ontem, por unanimidade, convocar para depor os ex-governadores do Rio Anthony Garotinho (PSB) e Benedita da Silva (PT). Amanhã será definida a data dos depoimentos. Os dois disseram estar à disposição da comissão, que apura um suposto esquema de corrupção na Fazenda estadual, que seria comandado por Rodrigo Silveirinha Corrêa, que foi subsecretário de Administração Tributária entre janeiro de 1999 e abril de 2002.
Garotinho será questionado sobre a acusação de seu ex-secretário de Fazenda Carlos Antonio Sasse de que teria acobertado empresários sonegadores e fiscais corruptos de Campos (RJ).
Sasse também acusa o ex-governador de ter lhe pedido para entregar inspetorias da Fazenda a pessoas indicadas por quatro deputados estaduais, em troca de apoio político. O pedido teria sido feito por intermédio do ex-chefe de Gabinete Civil de Garotinho Jonas Lopes, hoje conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado). O ex-governador nega.
Sasse citou nominalmente os deputados -dois ainda com mandato-, mas a CPI não pensa em convocá-los para depor. Já há requerimento para convocar Lopes, mas o documento ainda não foi à votação na comissão.
Quanto a Benedita, ministra da Assistência e Promoção Social, a CPI quer saber qual a participação dela no cancelamento de três multas no valor de R$ 468 milhões aplicadas contra a Rio de Janeiro Refrescos Ltda., que representa a Coca-Cola no Estado.
Ontem, em solenidade no Rio, Benedita disse estar disposta a ir ao Estado, se assim quiser a CPI. Anteriormente, ela havia dito que só daria depoimento em Brasília. Como ministra, Benedita pode escolher dia, hora e local para depor. "Não importa o local. O que é preciso é ter informação. O que interessa é não se negar a dar essa informação", afirmou.
No fim de semana, durante o programa semanal de rádio da governadora Rosinha Matheus (PSB), sua mulher, o ex-governador ironizou o fato de Benedita ter condicionado seu depoimento à ida dos deputados da CPI a Brasília. "Já está nos jornais de hoje [sábado] ela dizendo: "Eu falo com os deputados, mas só falo em Brasília, não vou à CPI". Eu também não preciso responder ao Ministério Público Estadual e à CPI, mas vou", disse Garotinho.
O Ministério Público Estadual abriu na semana passada um inquérito civil para investigar suposto crime de improbidade cometido por Garotinho, com base em declarações de Sasse.
O assessor do ex-governador, Carlos Henrique Vasconcelos, reafirmou que Garotinho aguarda ser chamado pela CPI. O próprio Vasconcelos poderá ser ouvido pela CPI. Sasse disse que ele presenciou uma conversa sua com Garotinho, na qual falavam da ação fiscal em Campos.
A CPI também já aprovou a convocação do líder do governo na Assembléia Legislativa, Noel de Carvalho (PSB), que, em maio de 2001, intermediou um encontro entre empresários do setor de bebidas e o então subsecretário de Fazenda, Mário Tinoco, para rever o cancelamento de multas.
O encontro é relatado em uma nota técnica assinada por Tinoco e endereçada ao então secretário de Fazenda, Fernando Lopes. Carvalho entrou com uma representação no Ministério Público estadual contra Benedita por causa do cancelamento das multas da Coca-Cola -a mesma empresa que ele próprio defendeu em 2001 na reunião com Tinoco.
"Não há incongruência nisso, porque agora o Ministério Público e a CPI vão colocar essa questão a limpo", disse Carvalho, que recebeu, no ano passado, R$ 60 mil da Coca-Cola como doação a sua campanha eleitoral.


Colaborou SERGIO TORRES, da Sucursal do Rio


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