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CASO SILVEIRINHA
Líder do governo na Assembléia também será convocado
Benedita e Garotinho serão chamados para depor na CPI
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
A CPI do "Propinoduto" decidiu ontem, por unanimidade,
convocar para depor os ex-governadores do Rio Anthony Garotinho (PSB) e Benedita da Silva
(PT). Amanhã será definida a data dos depoimentos. Os dois disseram estar à disposição da comissão, que apura um suposto esquema de corrupção na Fazenda
estadual, que seria comandado
por Rodrigo Silveirinha Corrêa,
que foi subsecretário de Administração Tributária entre janeiro de
1999 e abril de 2002.
Garotinho será questionado sobre a acusação de seu ex-secretário de Fazenda Carlos Antonio
Sasse de que teria acobertado empresários sonegadores e fiscais
corruptos de Campos (RJ).
Sasse também acusa o ex-governador de ter lhe pedido para entregar inspetorias da Fazenda a
pessoas indicadas por quatro deputados estaduais, em troca de
apoio político. O pedido teria sido
feito por intermédio do ex-chefe
de Gabinete Civil de Garotinho
Jonas Lopes, hoje conselheiro do
TCE (Tribunal de Contas do Estado). O ex-governador nega.
Sasse citou nominalmente os
deputados -dois ainda com
mandato-, mas a CPI não pensa
em convocá-los para depor. Já há
requerimento para convocar Lopes, mas o documento ainda não
foi à votação na comissão.
Quanto a Benedita, ministra da
Assistência e Promoção Social, a
CPI quer saber qual a participação dela no cancelamento de três
multas no valor de R$ 468 milhões
aplicadas contra a Rio de Janeiro
Refrescos Ltda., que representa a
Coca-Cola no Estado.
Ontem, em solenidade no Rio,
Benedita disse estar disposta a ir
ao Estado, se assim quiser a CPI.
Anteriormente, ela havia dito que
só daria depoimento em Brasília.
Como ministra, Benedita pode escolher dia, hora e local para depor. "Não importa o local. O que é
preciso é ter informação. O que
interessa é não se negar a dar essa
informação", afirmou.
No fim de semana, durante o
programa semanal de rádio da
governadora Rosinha Matheus
(PSB), sua mulher, o ex-governador ironizou o fato de Benedita ter
condicionado seu depoimento à
ida dos deputados da CPI a Brasília. "Já está nos jornais de hoje [sábado] ela dizendo: "Eu falo com os
deputados, mas só falo em Brasília, não vou à CPI". Eu também
não preciso responder ao Ministério Público Estadual e à CPI,
mas vou", disse Garotinho.
O Ministério Público Estadual
abriu na semana passada um inquérito civil para investigar suposto crime de improbidade cometido por Garotinho, com base
em declarações de Sasse.
O assessor do ex-governador,
Carlos Henrique Vasconcelos,
reafirmou que Garotinho aguarda ser chamado pela CPI. O próprio Vasconcelos poderá ser ouvido pela CPI. Sasse disse que ele
presenciou uma conversa sua
com Garotinho, na qual falavam
da ação fiscal em Campos.
A CPI também já aprovou a
convocação do líder do governo
na Assembléia Legislativa, Noel
de Carvalho (PSB), que, em maio
de 2001, intermediou um encontro entre empresários do setor de
bebidas e o então subsecretário de
Fazenda, Mário Tinoco, para rever o cancelamento de multas.
O encontro é relatado em uma
nota técnica assinada por Tinoco
e endereçada ao então secretário
de Fazenda, Fernando Lopes.
Carvalho entrou com uma representação no Ministério Público
estadual contra Benedita por causa do cancelamento das multas da
Coca-Cola -a mesma empresa
que ele próprio defendeu em 2001
na reunião com Tinoco.
"Não há incongruência nisso,
porque agora o Ministério Público e a CPI vão colocar essa questão a limpo", disse Carvalho, que
recebeu, no ano passado, R$ 60
mil da Coca-Cola como doação a
sua campanha eleitoral.
Colaborou SERGIO TORRES, da Sucursal
do Rio
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