DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No comando dos grevistas da PF, Francisco Garisto, 53, cumpre o seu terceiro mandato na presidência da Fenapef (Federação Nacional de Policiais Federais). Em gravações telefônicas feitas pela Operação Anaconda, em janeiro de 2003, o agente, hoje aposentado, declara a sua pretensão de assumir a direção-geral da polícia.
Garisto nasceu em São Paulo e foi criado na região do Tucuruvi, zona leste da capital paulista. Entrou para o Exército em 1971, quando os militares estavam no comando do país. Depois de algum tempo, foi convidado pelo regime militar para integrar o DOI-Codi (repartição que atuava na repressão). Recusou.
Deixou a carreira militar em 1977 e ingressou por meio de concurso na PF como agente. Operou em investigações de tráfico de entorpecentes. Uma de suas operações mais importantes envolvia o cartel colombiano de Medellín. Agiu disfarçadamente como vendedor de acetona e outros produtos para a preparação de drogas. Algumas das ações foram patrocinadas pelo governo dos EUA.
Já em 1990, ajudou a fundar a Fenapef e foi o primeiro presidente da federação. Em agosto do ano passado, foi eleito para o seu terceiro mandato, que tem duração de três anos. Segundo a entidade, Garisto é formado em direito e jornalismo.
Também em 2003, teve três conversas gravadas pela Operação Anaconda, que investiga um esquema da venda de sentenças judiciais. Ele conversava com o ex-delegado da Polícia Federal José Augusto Bellini, que é acusado de estar envolvido na suposto esquema. Bellini acabou sendo preso.
Na conversa, Garisto relata a sua pretensão de chefiar a Polícia Federal. Os diálogos foram gravados nos mês de janeiro, quando o ministro Márcio Thomaz Bastos estava escolhendo o diretor-geral do órgão. Garisto, na conversa, garantiu que arranjaria um bom cargo para Bellini, com quem trabalhou durante 15 anos. Garisto disse que não vê problemas nas gravações e que não sabia do suposto envolvimento de Bellini.


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