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ALIADOS EM CRISE
Disquetes de Ivar foram apreendidos e podem revelar lista
Marido de Regina confirma
que Arruda pediu a lista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O funcionário do Prodasen Ivar
Alves Ferreira, marido da ex-diretora do órgão Regina Peres Borges, contestou ontem, em dois depoimentos, parte da versão dada
pelo ex-líder do governo no Senado José Roberto Arruda para a
violação do sigilo da votação da
cassação do ex-senador Luiz Estevão (PMDB-DF).
Ivar afirmou que o senador Arruda (que se desligou ontem do
PSDB) não fez apenas uma consulta sobre a possibilidade de os
votos serem conhecidos, como
afirmou anteontem em discurso.
"Ele fez um pedido, em nome
do presidente Antonio Carlos
Magalhães, e Regina saiu do apartamento dele afirmando o seguinte, como ela disse aqui: "Estou
saindo para cumprir uma ordem'", afirmou Ivar.
Em seu discurso no plenário do
Senado, no qual assumiu parcialmente a responsabilidade pela
violação, Arruda afirmou que havia feito uma mera consulta à diretora do Prodasen e lamentou
que Regina tivesse se "precipitado" e mandado violar o painel de
votações do Senado.
"Não foi uma consulta", insistiu
Ivar, ao responder seguidas perguntas de senadores no Conselho
de Ética e Decoro Parlamentar do
Senado, ontem à noite. Pela manhã, ele já havia prestado depoimento ao corregedor-geral do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP).
Durante o depoimento a Tuma,
todos os disquetes usados diariamente por Ivar, num total de 56,
foram apreendidos por ordem do
senador e enviados à Polícia Federal, para perícia.
A intenção de Tuma é tentar recuperar a lista de votação, que teria sido apagada. Embora ela não
deva ser oficialmente divulgada,
pelo fato de conter dados de uma
votação secreta, Tuma disse que
se trata da prova material do delito e que servirá para confirmar ou
não os depoimentos.
Data do encontro
Ivar afirmou ainda que o senador Arruda chamou Regina em
seu apartamento para pedir que
ela fizesse a violação do painel eletrônico, entre as 21h e as 22h do
dia 27 de junho do ano passado,
véspera da cassação.
"Tenho certeza da data, porque
fomos logo depois para o Prodasen [Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado". Tínhamos poucas horas para
fazer a mudança no programa do
computador", afirmou o marido
da ex-diretora do órgão.
Se ficar provado que o encontro
entre Regina e Arruda aconteceu
na noite do dia 27, todas as afirmações feitas no discurso de Arruda no plenário no último dia 18,
com uma minuciosa agenda, ficam desmoralizadas, e a situação
do senador fica ainda mais difícil
perante os colegas.
Ivar confirmou ponto por ponto o depoimento de Regina. Disse
que participou da operação por
solidariedade a sua mulher, que
teria chegado da visita ao apartamento do senador Arruda muito
aflita e angustiada.
Segundo ele, a decisão de violar
o painel não foi fácil para nenhum
dos funcionários, mas eles tinham
pouco tempo para decidir e tinham em mente que estavam
atendendo a um pedido do presidente do Senado, que na época
era o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Ivar afirmou que, no dia seguinte, Regina avisou ao grupo que
ACM havia telefonado para agradecer pelo envio da lista e todos
respiraram aliviados. "Hoje eu vejo que é uma idiotice, mas estávamos tão tensos que qualquer migalha era um alento", disse.
Ivar disse que chegou ao Prodasen por volta de 1h30 da manhã
do dia 28 e que, cerca de duas horas depois, havia aprendido a fazer a alteração no programa, com
a ajuda de Sebastião Gazzola Jr.,
que havia trabalhado temporariamente na empresa que produziu
o painel de votações do Senado.
Gazzola havia iniciado seu depoimento ao Conselho de Ética
do Senado durante o fechamento
desta edição.
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