São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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PAINEL

Fogo brando
O encontro dos governadores, amanhã em Brasília, não deverá provocar constrangimento grave a Lula. Haverá cobranças, algumas duras, mas não em intensidade suficiente para agravar a situação política ou prejudicar o humor dos mercados.

Torrão de açúcar
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) foi peça-chave na montagem do script da reunião de amanhã. Se tudo sair como programado, adiante Lula chamará os governadores para um café no Palácio do Planalto.

Pai da criança
No PFL e no PMDB, sobretudo, há governadores reticentes quanto ao DNA da reunião de amanhã. Os olhos se voltam para o tucano Aécio Neves, principal articulador do encontro.

Ponte aérea
Adrienne Senna, ex-xerife do Coaf, órgão federal encarregado de investigar lavagem de dinheiro, foi nomeada por Aécio para o Conselho de Ética Pública de Minas. É mulher de Nelson Jobim, futuro presidente do STF.

Mão dupla
No comando da Bahia, o PFL costuma dizer que o Estado é discriminado pelo governo Lula. Agora, o ministro Jacques Wagner (Trabalho) afirma que Brasília dispensa ao governo baiano melhor tratamento do que este dá às prefeituras do PT.

Prato feito
A amigos, Amir Lando (PMDB) revela desconforto com nomeações que tem sido obrigado a engolir no ministério da Previdência: "Os nomes são indicados pelo partido. O governo nomeia. Cabe a mim acatar".

Agente infiltrado
Uma surpresa aguardava Guido Mantega (Planejamento) em audiência recente com a bancada de Santa Catarina: encaixado entre os parlamentares que foram fazer pressão por mais recursos, ninguém menos que o colega José Fritsch (Pesca).

Apenas "se"
Em janeiro de 1994, FHC aceitou pela primeira vez a possibilidade de ser candidato a presidente "se for necessário, conveniente e possível". Na quinta, diante da mesma questão, admitiu a hipótese no caso de uma "situação muito complicada".

Vai esperando
Como não foi possível evitar o pré-lançamento de Michel Temer, o PT de São Paulo agora diz que a candidatura do PMDB não será de oposição a Marta Suplicy, dada a aliança dos dois partidos no plano federal.

Bicho-papão
Em momentos menos diplomáticos, petistas paulistanos advertem que a eleição na capital se dará, de fato, entre Marta, Paulo Maluf e o candidato tucano. E que o PMDB, a insistir na candidatura própria, correrá o risco de passar vexame.

Tudo menos isso
Um temor assombra os candidatos situados no pelotão intermediário da congestionada campanha para prefeito de São Paulo: terminar a disputa atrás da Doutora Havanir (Prona).

Sete pragas 1
Em fevereiro, a festa com que o PT planejava fortalecer a anêmica candidatura de Jorge Bittar no Rio terminou eclipsada pela divulgação do escândalo Waldomiro Diniz. Agora, o deputado amarga nova derrota com a remoção de Luiz Pinguelli Rosa da presidência da Eletrobrás.

Sete pragas 2
A intenção de voto em Jorge Bittar, que nunca alcançou dois dígitos, está em rota descendente. Levantamentos à disposição de diferentes campanhas situam o ex-relator do Orçamento abaixo de Jandira Feghali (PC do B).

TIROTEIO

Do deputado federal Fernando Gabeira (sem partido-RJ), sobre declaração de Lula, em recado a ambientalistas, de que a Amazônia não é apenas um "santuário da humanidade":
-Ecologistas que pensam assim são uma criação da cabeça do presidente, são moinhos de vento. Possivelmente Lula não leu seu próprio programa de governo, elaborado por ecologistas que estão longe de corresponder a essa caricatura.

CONTRAPONTO

Tartaruga Touché

Antiga anedota circula nos corredores do Congresso em versão adaptada ao governo do PT. Segundo ela, um ministro telefona a Lula e o encontra aborrecido com a paralisia de sua administração. E pergunta:
-Presidente, o senhor conhece algum tipo de vacina ou soro contra mordida de tartaruga?
Lula liga imediatamente para o ministro da Saúde, Humberto Costa, que também não tem resposta para a dúvida do colega.
Imediatamente, cria-se o 56º grupo de trabalho do governo. É coordenado por José Dirceu (Casa Civil), que logo entra em atrito com Aldo Rebelo (Coordenação Política), que passa a ser pressionado pelo PMDB, que cobiça a relatoria do grupo.
Até que alguém pergunta para que a vacina ou o soro. Lula volta-se então para o tal ministro:
-Você foi mordido?
-Ainda não, mas a tartaruga está vindo na minha direção!


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