São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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TODA MÍDIA - NELSON DE SÁ

Campanha aberta

Já estavam lá, na entrevista de José Dirceu a "O Globo", há um mês. Ataques a PSDB, FHC, Alckmin. E a justificativa:
- Eles vão disputar as capitais conosco.
As críticas foram descritas, já então, como o discurso do "PT para as eleições contra o PSDB". E assim se provou, nos novos comerciais de Duda Mendonça, ontem. Da locução:
- Comparando o governo passado com o governo atual, o Brasil está melhor ou pior?
E tome paralelos do último ano de FHC com o primeiro de Lula, em juros, distribuição de renda, agricultura familiar. Com a mesma conclusão:
- Isso é fato, é verdade. Em apenas um ano e meio, muita coisa já mudou para melhor.
José Dirceu voltou ao ataque.

 

No site do PT e Folha On Line, os ataques foram ao FHC que quer CPI, mas foi "campeão do esvaziamento" dos inquéritos nas telecomunicações, no Proer, na compra de votos.
 

São Paulo já acordou ontem com as avenidas tomadas pelos cartazes do 1º de maio da CUT. Em todos, o alvo era o governo estadual tucano.
Será um conflito mais eleitoral que trabalhista. A Força Sindical do candidato Paulinho promete, para o seu 1º de maio, "um pau" no governo federal petista.
A rádio Bandeirantes noticiou há dias que as "festas" de CUT e Força disputam até as atrações. Para a avenida Paulista, da CUT, estão previstos Gilberto Gil e Sandy & Júnior. Para o Campo de Bagatelle, da Força, Wanessa Camargo e KLB.
Lula talvez compareça, diz a CUT. Ao que parece, depende do valor do salário mínimo.
 

FHC está na capa de "Época", mas em inflexão nada simpática ao ex-presidente. O título:
- A doce vida de FHC.
Ainda na capa, que traz foto do tucano "em Wall Street":
- Ele já faturou R$ 3 milhões em palestras para empresários.

DAMA DE FERRO

Sciammarella-"El País"/Reprodução


O espanhol "El País" faz um perfil da americana Anne Krueger, diretora interina do FMI, a partir de palestra que ela deu no Enterprise Institute, dos neoconservadores de George W. Bush.
Krueger reclama da imprensa, que "explora diferenças de opinião de modo imaginativo", comparando-se a Mark Twain, o escritor que escreveu, quando noticiaram que ele morreu: "As notícias sobre minha morte são um pouco exageradas". Mas o "El País" não esconde que a "dama de ferro do FMI" vem aplicando "mão dura", às vésperas de ceder o posto para o espanhol Rodrigo Rato.

Herói
A Fox News adotou ontem Pat Tillman, ex-jogador de futebol americano tornado soldado, morto no Afeganistão.
As expressões "um verdadeiro patriota" e "o herói americano" se revezavam na tela do canal pró-guerra, em meio a cenas do tempo de jogador, entrevistas com ex-colegas etc.

Convocação
A morte de Tillman ajudou a Fox News a sumir com as fotos de caixões de mortos no Iraque. E talvez ajude mais.
Fala-se no país se o governo vai ou não convocar civis para a guerra no Iraque. O secretário Donald Rumsfeld, segundo o "Washington Post", descartou a convocação, "no momento".

Bush e a direita
A direita anda impaciente com Bush. Uma reportagem e um editorial do conservador "Wall Street Journal" questionaram, respectivamente, medidas que atrapalham "os esforços de guerra" e o abandono de seus velhos aliados iraquianos.
E a revista neoconservadora "Weekly Standard" diz, sobre Rumsfeld, que "se o secretário não pode fazer os ajustes que são necessários, o presidente deve achar um que faça".

A vez do Japão
Depois da China, o Japão. O diário "Yomiuri Shimbun" falou dos esforços por "relações mais próximas" com o Brasil.

Abrindo evento do jornal e do governo japonês, o embaixador brasileiro chegou a sugerir uma cadeira permanente ao Japão no Conselho de Segurança da ONU -a exemplo do Brasil.

Algodão
O "Wall Street Journal" noticia que a disputa EUA/Brasil tem novo capítulo amanhã, com um julgamento pela Organização Mundial do Comércio.
O subsídio ao algodão estaria perto da condenação, solicitada pelo Brasil. Foi o que levou ao impasse na OMC.

Camarão
Enquanto isso, durante toda a semana o jornal "The Miami Herald" noticiava as pressões dos empresários da Flórida para ampliar as restrições americanas à importação do camarão e da laranja do Brasil.

Nota social
Também durante a semana, Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, foi destaque na home da Bloomberg, com o sucesso de seu novo fundo.

VETO

Gary Trudeau-Slate.com/Reprodução


Editorial do "New York Times" ironizou os jornais que, no interior dos EUA, censuraram ou questionaram a tira Doonesbury que vem brincando, esta semana, com um soldado que teria perdido a perna no Iraque. O veto foi para a tira de anteontem (acima), que traz um médico dizendo que o paciente resiste a perder a perna -e acaba com o soldado gritando, atrás da cortina, "filho da puta". Mas as críticas começaram já na segunda-feira, pelas "descrições visualmente violentas do campo de batalha", segundo "um jornal de Ohio". Garry Trudeau, autor da tira, declarou à agência Associated Press:
- Estamos em guerra e não podemos perder de vista os problemas que a guerra inflige aos indivíduos.


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