São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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CAMPO MINADO

É a 10ª só no Estado

Sem-terra invadem outra fazenda na BA

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Cerca de 130 famílias (aproximadamente 520 pessoas) de trabalhadores rurais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) concluíram na madrugada de ontem mais uma invasão na Bahia. Nos últimos 45 dias, foram invadidas no Estado dez propriedades rurais.
Localizada em Casa Nova (584 km de Salvador), a fazenda São José começou a ser invadida pelos sem-terra no final da noite de anteontem. "Completamos a invasão durante a madrugada de hoje [ontem]", disse Valmir Assunção, o principal líder do MST baiano. Segundo os sem-terra, não houve nenhuma resistência à invasão. "As terras estavam abandonadas", disse Assunção.
No final do ano passado, o MST encaminhou ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) um documento solicitando a realização de uma vistoria na propriedade rural.
Até ontem, a vistoria ainda não havia sido realizada.
Segundo a delegacia de Casa Nova, a fazenda estaria realmente abandonada. O agente Carlos Cesar Domingues não soube informar o nome do proprietário.

"Abril vermelho"
Desde que o MST divulgou o calendário do chamado "abril vermelho", dez propriedades já foram invadidas na Bahia. Do total, nove ainda continuam em poder dos trabalhadores rurais.
Somente parte da empresa Veracel, uma das maiores multinacionais brasileiras, invadida pelo MST, foi desocupada, após um acordo realizado entre os sem-terra e o governo estadual.
No final da manhã de ontem, Valmir Assunção disse que outras três propriedades deverão ser invadidas até o final do mês.
De acordo com o governador Paulo Souto (PFL), 60, o Estado possui cerca de 156 mil hectares que podem ser repassados para os sem-terra. No entanto, ainda segundo o governador, a burocracia do governo federal -responsável pelo pagamento das indenizações- tem atrasado o programa agrário na Bahia.
Há duas semanas, o Incra anunciou também que 22 fazendas foram desapropriadas na Bahia. Do total, 21 vão abrigar trabalhadores rurais ligados ao MST.
Apenas uma abrigará agricultores que pertencem ao MLT (Movimento de Luta pela Terra), entidade que nasceu de uma dissidência do MST.
Segundo o Incra, cerca de 1.300 famílias (5.200 pessoas) serão beneficiadas com as desapropriações de áreas rurais.
O MST alega que 35 mil famílias (140 mil pessoas) estão à espera de um lote na Bahia.


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