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CNJ vai decidir em maio se afasta juízes
Para Vantuil Abdala, relator da sindicância que apura desvio de conduta dos magistrados, "é difícil a permanência no cargo"
Apenas Ernesto Dória, do TRT de Campinas, entre os quatro juízes investigados pela operação, foi afastado pelo órgão em que atua
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, e o ministro Vantuil Abdala, relator da sindicância do
CNJ (Conselho Nacional de
Justiça) que apura desvio de
conduta por parte dos juízes investigados na Operação Hurricane, defenderam ontem que
eles fiquem afastados do cargo
enquanto estiverem sob investigação criminal ou disciplinar.
Abdala, que é ministro do
TST (Tribunal Superior do Trabalho) e membro do CNJ, afirmou que no dia 15 de maio próximo o conselho deverá decidir
sobre afastá-los e abrir processo disciplinar contra cada um.
"Pessoalmente penso que é
muito difícil [a permanência no
cargo] tanto para o tribunal
quanto para o magistrado. Fico
pensando que, se eu mesmo estivesse nessa situação, não teria
condição psicológica para exercer a magistratura. Independentemente de culpa ou não, eu
acho que é de toda a conveniência que esses magistrados se
afastem", disse.
O procurador-geral pediu o
afastamento deles, na denúncia
que ofereceu ao STF (Supremo
Tribunal Federal) contra os
quatro juízes, na qual os acusa
de praticar os crimes de corrupção passiva, formação de
quadrilha e prevaricação. A denúncia também atinge o procurador regional da República no
Rio João Sérgio Leal Pereira.
Não há data prevista para essa decisão. "Acredito que é necessário, mas quem tem de decidir isso é o Judiciário", afirmou Antonio Fernando.
No CNJ, outro conselheiro
reforçou a necessidade de afastamento. "Eles têm que sair
sim. Não dá para conciliar o
exercício da magistratura com
acusações tão pesadas", disse
Douglas Alencar.
Já Alexandre de Moraes afirmou que essa iniciativa deveria
partir preferencialmente dos
próprios juízes. "Seria mais
prudente eles se afastarem, como já fizeram alguns."
Dos quatro magistrados, apenas um foi afastado pelo órgão
onde atua: o juiz do Tribunal
Regional Federal de Campinas
Ernesto Dória. O procurador
também está afastado.
Na sexta-feira, o ministro do
STJ (Superior Tribunal de Justiça) Paulo Medina pediu licença médica de 28 dias. O desembargador do Tribunal Regional
Federal da 2ª Região José Ricardo Regueira está de férias
até o dia 30 de junho. José
Eduardo Carreira Alvim não
apresentou pedido de afastamento ou licença.
Eles só perderão o cargo de
juiz se forem condenados criminalmente. A punição máxima do processo disciplinar será
a aposentadoria compulsória,
com pagamento do salário.
A corregedoria do CNJ deverá fazer um levantamento sobre as ações penais existentes
contra juízes no país para verificar se o corporativismo impede julgamentos finais e condenações. A sugestão foi feita por
dois conselheiros, o procurador
da República Eduardo Lorenzoni e o advogado Paulo Lôbo.
O corregedor-nacional da
Justiça, ministro do STJ Pádua
Ribeiro, disse que já pediu informações ao STJ, responsável
por processar e julgar desembargadores. A mesma solicitação será feita a tribunais regionais federais e tribunais de justiça. Cada um desses órgãos deverá informar quantas ações
penais estão em andamento,
quando cada uma foi aberta e e
qual é a fase atual.
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