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Ligados a bicheiro tentaram sacar R$ 1,75 mi
As tentativas de duas pessoas relacionadas a Capitão Guimarães foram após a PF realizar apreensões nos endereços dos acusados
Segundo o procurador-geral, grampos mostram que a cúpula do jogo do bicho se articulou para aprovar um projeto de lei no Congresso
LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Duas pessoas ligadas ao bicheiro conhecido como Capitão Guimarães, preso na Operação Hurricane (furacão, em
inglês), tentaram sacar R$ 1,75
milhão após a Polícia Federal
ter intensificado as investigações sobre o caso.
A informação consta da denúncia proposta na semana
passada pelo procurador-geral
da República, Antonio Fernando de Souza, contra três desembargadores, um procurador da
República e o ministro Paulo
Medina (Superior Tribunal de
Justiça), acusados de agir em
benefício de bicheiros e bingueiros em troca de propina,
presente e favores.
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) já
havia identificado tentativas de
saque de pessoas ligadas à quadrilha no valor de R$ 3,7 milhões, mas sem dar detalhes.
No documento em que ofereceu a denúncia ao STF, ao qual
a Folha teve acesso, Antonio
Fernando informa que, com
base em dados do Coaf, Nagib
Teixeira Sauid e João Oliveira
de Farias tentaram sacar, respectivamente, R$ 500 mil e
R$ 1,25 milhão no Citibank e
no Unibanco. Ele não menciona as datas. As tentativas de saque foram após a PF realizar as
apreensões de dinheiro em casas e escritórios dos acusados.
Segundo a PF, Nagib é sócio
de Júlio Guimarães Sobreira,
sobrinho do bicheiro Capitão
Guimarães. No caso de Farias,
a PF apenas informa que ele é
ligado a Guimarães.
Na denúncia, o procurador
classificou os acusados em dois
grupos, de acordo com o grau
de envolvimento com a quadrilha. No primeiro, estão José
Eduardo Carreira Alvim, José
Ricardo Regueira, Ernesto Dória e João Sérgio Leal Pereira.
"Eles agiram cientes dos fins
almejados pela quadrilha,
atuando efetiva e intensamente em suas áreas para garantir a
prática criminosa."
Ele incluiu no segundo grupo
somente o ministro Paulo Medina, afirmando que ele "envolveu-se apenas o suficiente e o
necessário para atender ao
pleito do grupo, recebendo em
contrapartida vantagem indevida". "Muito embora não apareça ostensivamente nos atos
da organização, sempre agiu
interpondo seu irmão Virgílio
Medina na negociação de vantagens indevidas", escreveu o
procurador-geral.
Virgílio Medina, irmão do
ministro do STJ, foi flagrado
em diversas conversas com advogados e lobistas negociando,
por R$ 1 milhão, sentença que
seria proferida por seu irmão
beneficiando a máfia do bingo.
A liminar concedida por Paulo Medina ratificou liberação
de 900 máquinas caça-níqueis
que haviam sido apreendidas
pela PF no ano passado.
Segundo o procurador-geral,
as interceptações telefônicas
comprovam que a cúpula do jogo do bicho se articulou para
aprovar um projeto de lei
(278/2006) no Congresso que
autorizaria os Estados a explorarem o jogo do bicho.
Antonio Fernando cita dois
diálogos. No primeiro, Capitão
Guimarães pede para um funcionário chamado Dudu pegar
os números dos parlamentares.
O procurador ressalta que os
diálogos ocorreram antes da
aprovação do projeto, que de
fato ocorreu no Senado no ano
passado, mas não na Câmara.
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