São Paulo, sábado, 25 de abril de 1998

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TRE quer juízes do interior na eleição

da Sucursal de Brasília

Uma decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, ampliando o poder dos juízes eleitorais do interior do Estado para controlar abusos nas campanhas eleitorais deste ano, está sendo contestada junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Há duas semanas, o TRE aprovou, em decisão unânime, uma resolução estendendo a 342 juízes eleitorais que atuam fora da capital o chamado "poder de polícia", admitido por lei apenas a três juízes auxiliares.
A Lei Eleitoral previu que cada tribunal regional designaria três juízes auxiliares para acelerar os julgamentos no período eleitoral.
Esses juízes podem decidir individualmente, por exemplo, se suspendem ou não a veiculação de uma propaganda ou a realização de um comício, mesmo que não recebam denúncia de um partido político ou do Ministério Público. O juiz eleitoral tem mais dificuldade de agir por conta própria.
Os ministros do TSE deverão decidir se o fato de São Paulo ser o Estado com o maior eleitorado do país -cerca de 22 milhões- justifica ou não a decisão do TRE de extrapolar o que foi estabelecido na Lei Eleitoral.
A ampliação do poder dos juízes eleitorais, da primeira instância judicial, já havia ocorrido nas eleições de 1994. Na época, o deputado estadual Roque Barbieri (PTB) foi condenado por um desses juízes a pagar multa por propaganda eleitoral antecipada.
O TSE decidirá agora se acolhe ou não um recurso do parlamentar contra a decisão judicial. Barbieri afirma que um juiz eleitoral de Birigui não tinha poder para condená-lo. Com esse argumento, tenta anular o processo.
O relator do processo no TSE, ministro Eduardo Ribeiro, votou pela condenação, mas considerou que o TRE não poderia ter ampliado as atribuições dos juízes do interior. O julgamento foi suspenso por um pedido de vistas do ministro Eduardo Alckmin.
Em encontro realizado anteontem e ontem em Brasília, corregedores dos tribunais regionais discutiram o risco de o juiz eleitoral que atua no interior ficar mais exposto a pressões políticas.



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