|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SENADO EM CRISE
Presidente telefona e diz que ex-líder foi "combativo e competente"
Arruda renuncia ao Senado, poupa FHC e já prepara volta pelo PFL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de passar uma semana
ameaçando atacar o Palácio do
Planalto, José Roberto Arruda
(sem partido-DF) renunciou ontem ao mandato de senador sem
fazer ataques ao governo: "Atacar
não é da minha conduta. Meus
compromissos de lealdade nascem de meu caráter e isso não exige reciprocidade. Eu cometi um
erro, e ninguém tem culpa disso".
Primeiro senador a renunciar
ao mandato para evitar uma cassação, Arruda fez essa declaração
logo depois de receber um telefonema do presidente Fernando
Henrique Cardoso. "Ele me deu
um abraço. Foi elegante", disse.
Na ligação, FHC disse que, como
líder do governo, Arruda tinha sido "combativo e competente".
À noite, o Palácio do Planalto
reagiu a rumores de que Arruda
teria dito ao presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA),
que mostrara a lista com os votos
secretos dos senadores a FHC.
"Duvido que ele [Arruda] tenha
dito isso, e o presidente não teria
nenhum interesse político no caso
nem a curiosidade mórbida de saber quem cassou o senador Luiz
Estevão", disse o secretário-geral
da Presidência, Aloysio Nunes
Ferreira, para contestar os boatos.
Aloysio disse ter presenciado
uma conversa de Arruda com
FHC na biblioteca do Palácio da
Alvorada, na qual o senador negou ter tido acesso à lista. Tal conversa, segundo Aloysio, teria
ocorrido horas antes de Arruda
defender tal versão no plenário do
Senado. A versão durou pouco.
Na véspera da renúncia, os ânimos do ex-senador foram apaziguados pelo ministro tucano Pimenta da Veiga (Comunicações),
encarregado de dissuadir Arruda
da idéia de atacar o governo.
Um de seus alvos seria o ministro da Saúde, José Serra, a quem o
ex-tucano atribui o comando de
uma articulação para tirá-lo do
PSDB. Serra nega a articulação. Se
não tivesse deixado a legenda, Arruda seria expulso pelo partido.
Retorno
O presidente do Senado, Jader
Barbalho, combinou com o ex-tucano os detalhes protocolares da
renúncia no café da manhã de ontem, na casa do peemedebista.
Já em casa, na companhia de
amigos, familiares e eleitores, o
ex-senador falou de sua mais nova idéia: lançar o livro "A Lista",
com os bastidores de todo o episódio, mas sem a relação dos votos que cassaram o mandato do
ex-senador Luiz Estevão.
Arruda pensa em voltar à política, provavelmente pelo PFL, mas
afirma ter recebido também convites do PL, do PPS e do PTB. A
proximidade com os pefelistas
marcou o roteiro da renúncia. A
primeira versão do discurso lido
ontem foi escrita pelo ex-tucano
no gabinete do senador Jorge Bornhausen (SC), presidente do PFL,
concomitantemente à votação do
Conselho de Ética que propôs a
abertura de processo de cassação.
"Vou botar calça jeans, botina e
voltar a trabalhar", afirmou Arruda. Engenheiro da CEB (Companhia Energética de Brasília), ele
pretende viajar hoje para Itajubá
(MG), sua cidade natal. Depois
disso, seus planos são voltar à empresa e trabalhar no entorno da
capital, onde buscaria apoio para
sua futura campanha.
Também na lista de seus afazeres está o envio de uma carta ao
senador Carlos Wilson (PPS-PE),
terceiro secretário do Senado, pedindo para atenuar as punições
da servidora Regina Peres Borges
e os outros três servidores do Prodasen que participaram da violação do painel. "Não se pode agir
com ela [Regina" de uma maneira
tão radical como agiram comigo.
Meu julgamento foi político, o dela não é", afirmou Arruda.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Suplente de ex-senador foi sócio de Luiz Estevão Índice
|