|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Alvo de denúncias, Jader evita festejar derrocada do rival ACM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Fragilizado por denúncias de
corrupção, o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA),
evitou festejar a anunciada renúncia de Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), seu desafeto político e
principal acusador.
""Lamentaria profundamente",
disse Jader ao comentar a renúncia marcada de ACM. ""Não posso
festejar nenhum ato extremo em
razão de divergências pessoais",
afirmou, numa referência à renúncia consumada de José Roberto Arruda (sem partido-DF).
Quando foi comprovada a violação do painel de votação, os senadores da oposição examinavam a possibilidade de formular
denúncia ao Conselho de Ética
contra Jader, devido ao seu suposto envolvimento em desvios de
verbas na Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia) e no Banpará (Banco
do Estado do Pará).
A discussão será retomada agora, mas José Eduardo Dutra (PT-SE), líder do bloco oposicionista,
acha que o caminho para investigar Jader seria a CPI da corrupção, já que o conselho não tem
instrumentos para isso.
A renúncia de Arruda e o anúncio de ACM aliviaram os senadores, que não terão de cassá-los
num demorado processo, mas
também despertaram o receio de
um efeito dominó no Congresso.
""O episódio foi conduzido fora
das regras. Toda vez que as regras
não são respeitadas, o fato pode
ser repetido", afirmou o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), referindo-se à votação no Conselho de Ética.
Jader, tido como a bola da vez
entre os congressistas, descarta o
risco de proliferação de processos
contra senadores.
""Na democracia o contraditório
é permanente. Não acredito que
isso ocorra, mas o fato político
não tem normal", afirmou.
Bola da vez é outro paraense, o
senador Luiz Otávio (sem partido-PA). A senadora Heloísa Helena (PT-AL) concluiu, depois de
mais de um ano com o caso, seu
parecer sobre uma denúncia contra ele, que deve logo ser analisada
pelo conselho. Otávio é acusado
de envolvimento em desvio de R$
13 milhões de dinheiro público
que sua empresa, a Rodomar, recebeu em 1992 para construir balsas, mas não o fez.
Heloísa não quis adiantar a conclusão, mas afirmou que o caso de
Otávio é diferente da situação de
ACM e Arruda. "A acusação contra ele não é referente a ato cometido no exercício do mandato."
Dutra negou que exista um clima de caça às bruxas. Mas alertou
que o caso do painel não pode
abafar outros casos. ""Durante
muito tempo, a imunidade parlamentar foi confundida com impunidade. O caso do painel mostra que o sentimento de impunidade está desaparecendo", disse.
Tumulto em Belém
Manifestantes trocaram socos e
empurrões com seguranças da
RBA (Rede Brasil Amazônia),
emissora da família de Jader, na
tarde de ontem, em frente à sede
da emissora, em Belém. O tumulto ocorreu quando os manifestantes, que pediam a cassação de Jader e ACM, tentaram fixar faixas
nos portões da RBA. O protesto
reuniu cerca de mil pessoas.
Colaborou a Agência Folha, em Belém
Texto Anterior: Baiano sinaliza apoio a Itamar e diz que volta ao Senado para se "vingar" Próximo Texto: Multimídia: Argentinos vêem "fim do caudilhismo" Índice
|