São Paulo, sexta-feira, 25 de maio de 2001

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Alvo de denúncias, Jader evita festejar derrocada do rival ACM

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Fragilizado por denúncias de corrupção, o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), evitou festejar a anunciada renúncia de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), seu desafeto político e principal acusador.
""Lamentaria profundamente", disse Jader ao comentar a renúncia marcada de ACM. ""Não posso festejar nenhum ato extremo em razão de divergências pessoais", afirmou, numa referência à renúncia consumada de José Roberto Arruda (sem partido-DF).
Quando foi comprovada a violação do painel de votação, os senadores da oposição examinavam a possibilidade de formular denúncia ao Conselho de Ética contra Jader, devido ao seu suposto envolvimento em desvios de verbas na Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) e no Banpará (Banco do Estado do Pará).
A discussão será retomada agora, mas José Eduardo Dutra (PT-SE), líder do bloco oposicionista, acha que o caminho para investigar Jader seria a CPI da corrupção, já que o conselho não tem instrumentos para isso.
A renúncia de Arruda e o anúncio de ACM aliviaram os senadores, que não terão de cassá-los num demorado processo, mas também despertaram o receio de um efeito dominó no Congresso.
""O episódio foi conduzido fora das regras. Toda vez que as regras não são respeitadas, o fato pode ser repetido", afirmou o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), referindo-se à votação no Conselho de Ética.
Jader, tido como a bola da vez entre os congressistas, descarta o risco de proliferação de processos contra senadores.
""Na democracia o contraditório é permanente. Não acredito que isso ocorra, mas o fato político não tem normal", afirmou.
Bola da vez é outro paraense, o senador Luiz Otávio (sem partido-PA). A senadora Heloísa Helena (PT-AL) concluiu, depois de mais de um ano com o caso, seu parecer sobre uma denúncia contra ele, que deve logo ser analisada pelo conselho. Otávio é acusado de envolvimento em desvio de R$ 13 milhões de dinheiro público que sua empresa, a Rodomar, recebeu em 1992 para construir balsas, mas não o fez.
Heloísa não quis adiantar a conclusão, mas afirmou que o caso de Otávio é diferente da situação de ACM e Arruda. "A acusação contra ele não é referente a ato cometido no exercício do mandato."
Dutra negou que exista um clima de caça às bruxas. Mas alertou que o caso do painel não pode abafar outros casos. ""Durante muito tempo, a imunidade parlamentar foi confundida com impunidade. O caso do painel mostra que o sentimento de impunidade está desaparecendo", disse.

Tumulto em Belém
Manifestantes trocaram socos e empurrões com seguranças da RBA (Rede Brasil Amazônia), emissora da família de Jader, na tarde de ontem, em frente à sede da emissora, em Belém. O tumulto ocorreu quando os manifestantes, que pediam a cassação de Jader e ACM, tentaram fixar faixas nos portões da RBA. O protesto reuniu cerca de mil pessoas.


Colaborou a Agência Folha, em Belém


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