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JANIO DE FREITAS
Deu pânico na área
Um pequeno parágrafo, na
56ª linha e quase ao fim da
notícia sobre o encontro de Fernando Henrique Cardoso com
quatro governadores do PMDB,
proporciona a melhor explicação disponível para o seu destampatório com evidências,
mais que de descontrole, de aflições desesperadas mesmo. Explicada como apelo aos governadores peemedebistas para
que o PMDB não adote candidatura de Itamar Franco à Presidência, mantendo-se aliado
ao PFL e ao PSDB, a reunião
deixou outro registro:
"O presidente disse a seus interlocutores que a mobilização
precisa ser iniciada já, antes que
a candidatura de Itamar vire
um fato consumado". Já. Ou seja, com a rapidez que ele usou
para sair atacando os opositores
em seguida às vitórias da pré-candidatura de Itamar nas convenções peemedebistas e na decisão do PL de apoiá-la.
O lugar e as presenças da reunião são por si mesmos eloquentes sobre o que vem por aí. Foi
na casa do multidenunciado
Joaquim Roriz, com o pernambucano Jarbas Vasconcelos, o
político brasileiro de conduta
partidária mais sinuosa em sua
geração; o paraibano José Maranhão, cujo governo naquele
dia (anteontem) foi incluído no
rol dos escândalos, e com o já
presente Garibaldi Alves, do Rio
Grande do Norte.
O surto de aflição baixou na
Presidência porque ali não era
esperado êxito expressivo de Itamar Franco, mas, sobretudo,
porque as longas ações para a
vitória de Michel Temer davam-na como certa. Orestes
Quércia venceu e seu primeiro
gesto de vitorioso foi apoiar Itamar.
Mas só por isso o desespero
atabalhoado e tão agressivo? A
hipótese de eleição de Itamar
Franco é vista por Fernando
Henrique e seu círculo de próximos, incluindo pefelistas, como
o único risco verdadeiro de
CPIs, outros gêneros de investigação e processos voltados para
o atual governo e integrantes
seus. O temor é justificado, sem
dúvida.
Trabalhar?!
No destampatório de Fernando Henrique, em entrevista
muito bem trabalhada jornalisticamente por Tereza Cruvinel,
de "O Globo", quando o desatino sai da fúria é para cair no engraçado:
"Quer saber? Quando terminar meu mandato, terei que trabalhar, fazer conferências ou escrever para sobreviver".
Fernando Henrique tem aposentadoria integral, embora
sem tempo para isso, e acrescida
de um tipo de adicional noturno
a que não tinha direito; receberá até a morte os vencimentos
de presidente e mordomias várias e, para superlotar o caixa,
Ruth Cardoso também recebe a
aposentadoria generosa. Só aí,
com toda a certeza, mais de R$
260 mil por ano.
Fernando Henrique tem apartamento, sítio, a fazenda que
pôs em nome dos filhos para que
não seja citada no exterior como propriedade sua sob ameaça
de invasão e, ainda, bens de alto
valor, como o plantel de touros
importado para faturar com reprodução. Sem falar em comentadas possibilidades parisienses.
De fato, 72 anos não é idade
para alguém começar a trabalhar. Ainda mais sendo para dizer e escrever coisas que devam
ser logo esquecidas.
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