São Paulo, sexta-feira, 25 de maio de 2001

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GOVERNO DE EMERGÊNCIA

Jungmann será responsável por "nova pasta" e passará a despachar de Recife; objetivo é se antecipar às críticas

Após "apagão", FHC cria "ministério da seca"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois do "ministério do apagão", o presidente Fernando Henrique Cardoso vai criar agora o "ministério da seca". O responsável pela "nova pasta" será o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), que passará a despachar de Recife (PE).
FHC quer evitar a repetição do que aconteceu em 1998. Naquela época, o governo federal foi muito criticado por ter demorado a agir contra os efeitos do período de estiagem no Nordeste.
O presidente já comunicou sua decisão a governadores nordestinos, que o vinham alertando para a gravidade da seca deste ano. Com a medida, FHC espera evitar mais danos à sua imagem, já fragilizada com o racionamento de energia e a crise política.
Jungmann apresentará a FHC a proposta de criação de uma comissão de combate à seca, num modelo parecido com o "ministério do apagão", que coordena as ações de vários ministérios.
De imediato, o ministro, que continuará à frente do Ministério do Desenvolvimento Agrário, terá uma verba de R$ 9 milhões para medidas emergenciais nos próximos dois meses. Com esses recursos, ele pretende providenciar carros-pipa para regiões mais afetadas pela seca, além de distribuir 100 mil cestas de alimentos.

"Indústria da seca"
Jungmann disse que seu objetivo principal será tentar romper a chamada "indústria da seca" -políticos e empresários que se aproveitam do período de estiagem para ganhar dinheiro e votos.
Para isso, a comissão vai trabalhar com programas de bolsa-escola e de bolsa-alimentação. A idéia é que a família que trabalhar em alguma frente contra a seca seja obrigada a manter seu filho na escola ou que um membro da família tenha de participar de algum programa profissionalizante. "Em vez de pegar na enxada, queremos que o trabalhador pegue no mouse."
Amanhã, o ministro fará uma visita a regiões afetadas pela estiagem. No domingo, instala o "ministério da seca" na sede da Sudene em Recife e se reúne com representantes de universidades, de movimentos sociais e prefeituras. Na segunda, será a vez de políticos e empresários do Nordeste.
A decisão de FHC esvazia o Ministério da Integração Nacional, que é responsável pelas medidas contra a seca. Como o ministério está sem titular desde a saída de Fernando Bezerra, o governo está preocupado com o imobilismo da pasta. Além disso, a Sudene está em processo de extinção.



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