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GOVERNO DE EMERGÊNCIA
Jungmann será responsável por "nova pasta" e passará a despachar de Recife; objetivo é se antecipar às críticas
Após "apagão", FHC cria "ministério da seca"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois do "ministério do apagão", o presidente Fernando Henrique Cardoso vai criar agora o
"ministério da seca". O responsável pela "nova pasta" será o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), que passará a
despachar de Recife (PE).
FHC quer evitar a repetição do
que aconteceu em 1998. Naquela
época, o governo federal foi muito
criticado por ter demorado a agir
contra os efeitos do período de estiagem no Nordeste.
O presidente já comunicou sua
decisão a governadores nordestinos, que o vinham alertando para
a gravidade da seca deste ano.
Com a medida, FHC espera evitar
mais danos à sua imagem, já fragilizada com o racionamento de
energia e a crise política.
Jungmann apresentará a FHC a
proposta de criação de uma comissão de combate à seca, num
modelo parecido com o "ministério do apagão", que coordena as
ações de vários ministérios.
De imediato, o ministro, que
continuará à frente do Ministério
do Desenvolvimento Agrário, terá uma verba de R$ 9 milhões para medidas emergenciais nos próximos dois meses. Com esses recursos, ele pretende providenciar
carros-pipa para regiões mais afetadas pela seca, além de distribuir
100 mil cestas de alimentos.
"Indústria da seca"
Jungmann disse que seu objetivo principal será tentar romper a
chamada "indústria da seca"
-políticos e empresários que se
aproveitam do período de estiagem para ganhar dinheiro e votos.
Para isso, a comissão vai trabalhar com programas de bolsa-escola e de bolsa-alimentação. A
idéia é que a família que trabalhar
em alguma frente contra a seca seja obrigada a manter seu filho na
escola ou que um membro da família tenha de participar de algum programa profissionalizante. "Em vez de pegar na enxada,
queremos que o trabalhador pegue no mouse."
Amanhã, o ministro fará uma
visita a regiões afetadas pela estiagem. No domingo, instala o "ministério da seca" na sede da Sudene em Recife e se reúne com representantes de universidades, de
movimentos sociais e prefeituras.
Na segunda, será a vez de políticos
e empresários do Nordeste.
A decisão de FHC esvazia o Ministério da Integração Nacional,
que é responsável pelas medidas
contra a seca. Como o ministério
está sem titular desde a saída de
Fernando Bezerra, o governo está
preocupado com o imobilismo da
pasta. Além disso, a Sudene está
em processo de extinção.
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