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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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PT X PT

Senadora diz que aceitaria supensão por votar contra a posição do partido

Genoino nega acordo para evitar expulsão de Helena

JULIA DUAILIBI
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente nacional do PT, José Genoino (SP), descartou ontem a possibilidade de acordo com a senadora Heloísa Helena (PT-AL) que permita que ela vote contra as reformas do governo em troca de uma mera suspensão.
Helena já havia sinalizado essa hipótese e voltou a dizer ontem, nos intervalos do seminário promovido pelo PT e pela Fundação Perseu Abramo a respeito da reforma da Previdência Social, em São Paulo, que aceita ser punida com uma pena de suspensão, mas quer ter o direito de votar contra projetos do governo.
A senadora alega que essa possibilidade está prevista no estatuto do partido. Segundo ela, foi o mesmo entendimento aplicado pelo PT no caso do ex-deputado Eduardo Jorge (PT-SP), que votou a favor da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) contrariamente à orientação do partido e, por isso, foi punido com uma suspensão.
"Quero preservar a convicção ideológica e programática que nós acumulamos. Votar uma proposta que colide com isso não é justo e não é possível", disse.
Para Genoino, não há nenhuma possibilidade de que essa proposta seja aceita. "Não recebi essa proposta oficialmente, mas já está descartada. Se liberar para um, tem de ser liberado para todos os 14 senadores e 92 deputados", disse o presidente do PT.
"O PT não dá tratamento especial. O partido não libera voto com pena previamente definida", disse Genoino. "Nem o Lula reivindicou alguma coisa parecida com isso alguma vez."
O presidente do PT disse que o caso de Eduardo Jorge em relação à CPMF é diferente da situação dos radicais. "Aquela era uma votação pontual, não era estratégica para o PT", disse Genoino.
Segundo o presidente do partido, haveria apenas "uma possibilidade" para os parlamentares: "O PT aceita que o parlamentar exponha publicamente suas opiniões. Mas, uma vez definida a posição, tem de votar junto".
Ao saber da opinião de Genoino, Helena disse que não queria "polemizar" com o presidente do PT, conduta que ela tem adotado nos últimos dias. Para alguns petistas, o fato de Heloísa Helena ter deixado de fazer críticas ao governo é um sinal evidente de que ela está disposta a não tornar sua situação irreversível.
"Aceito a medida disciplinar do estatuto. Só não aceito que o rasguem", afirmou a senadora.
Os deputados Luciana Genro (RS) e João Batista de Araújo, o Babá (PA), discordaram da hipótese de receberem uma pena mais leve em troca da possibilidade de votarem contra o governo.
O PT abriu contra os dois deputados e a senadora Heloísa Helena um processo na Comissão de Ética do partido para analisar a oposição que vêm fazendo às reformas propostas pelo governo.
Integrantes da comissão resolveram, na semana passada, adiar a primeira audiência que teriam com os acusados de hoje para os dias 28 e 29 de junho. A decisão contou com o apoio do Planalto que pretende, dessa forma, tirar o assunto do noticiário, considerado negativo para o governo.
"Não há que se falar em punição. Qualquer coisa nesse sentido é injusta", disse Luciana Genro.
Para Babá, a tese da senadora é equivocada. "Não aceitamos punição", disse.

Mesmas regras
Heloísa Helena descartou a possibilidade de receber uma punição diferente da dos outros dois parlamentares. Anteontem, a prefeita Marta Suplicy, que é vice-presidente do partido, havia dito que a situação de Babá e Luciana Genro é mais complicada que a da senadora em razão das declarações polêmicas feitas pelos deputados nos últimos dias.
"Jamais poderia aceitar uma medida disciplinar diferenciada", afirmou Heloísa Helena.
Segundo Luciana, não passa de "especulação" a possibilidade de a senadora receber uma punição diferente da dela e da de Babá.


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