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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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Governo diz ir contra autoritarismo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo afirma que a disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de montar conselhos e grupos de trabalho com frequência é o resultado da decisão de inverter uma "tradição autoritária no Brasil".
"A implantação de mecanismos de participação da sociedade no processo democrático é urgente. O Brasil tem uma tradição autoritária, de alijamento da sociedade civil, de empresários e trabalhadores das decisões políticas", disse o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
"Democracias mais evoluídas já adotaram a iniciativa de montar conselhos com ampla participação social. A União Européia é um exemplo disso, tem o seu conselho há mais de meio século", afirmou Mercadante.
Para o senador, não há incompatibilidade entre a necessidade de dar agilidade a decisões e o extenso debate em conselhos. "A condução firme da economia e a rapidez com que são elaboradas as reformas são provas disso", afirma Mercadante.
O governo diz que a apreciação por instâncias de debate é uma característica antiga do presidente e que a promessa de campanha de proceder dessa forma foi uma das razões que o levaram à vitória.
Lula adotou a tese de transformar o Brasil em uma "grande mesa de negociações" como estratégia para convencer setores mais resistentes à sua candidatura de que não iria promover choques ou medidas bruscas.

Passado sindical
Para isso, o então candidato petista frequentemente lembrava seu passado de líder sindical que não se negava a negociar com empresários da região do ABC (Grande São Paulo).
Citava ainda a experiência no Instituto Cidadania, a ONG que criou para elaborar projetos que reuniam figuras estranhas ao PT, como o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), convidado para participar de um seminário sobre pobreza.
Setores do governo admitem que existe uma certa "síndrome do reunismo" no governo, como definiu recentemente o ministro Tarso Genro, que coordena o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
"Mas o excesso de reuniões é muito melhor do que a falta dela, como ocorria no governo anterior", afirmou Genro.
A oposição não se mostra muito impressionada. "Na oposição o assembleísmo até pode funcionar, mas, no governo, é extremamente nocivo. Paralisa e atrasa decisões que exigem firmeza", disse o senador Artur Virgílio (PSDB-AM). "O lema do governo é reunir para convocar, convocar para reunir", afirmou.
(FZ E LS)


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