São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO / HORA DA IMPUNIDADE

Câmara absolve 11º acusado por esquema do mensalão

Vadão Gomes (PP-SP) era acusado de receber R$ 3,7 milhões do "valerioduto"

Compareceram ao plenário só 425 dos 513 deputados, o quórum mais baixo das 14 votações de cassação; só falta processo de José Janene (PP)

RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Seguindo a tendência das votações anteriores, o plenário da Câmara livrou ontem da cassação o 11º acusado de envolvimento com o mensalão. Vadão Gomes (PP-SP), penúltimo a ser julgado pelo escândalo, foi absolvido por 243 votos a 161.
Houve ainda quatro votos em branco, um nulo e 16 abstenções, em um total de 425 presentes, o quórum mais baixo até o momento entre as votações de cassação do mensalão.
A falta de interesse de deputados pela sessão decorre, entre outras coisas, do fato de que a absolvição era dada como certa. O conselho deu parecer inocentando Vadão, pois não reuniu provas de que ele foi beneficiário de R$ 3,7 milhões do esquema de Marcos Valério.
O resultado foi recebido por um plenário quase vazio. A maioria votou e foi embora.
"Seria fácil seguir o consenso de grande parte dos meios de comunicação, me aproveitar disso e crucificar mais um. Mas assumi a responsabilidade de remar contra a maré. Sei que amanhã [hoje] parte da imprensa estampará a manchete de que foi absolvido mais um mensaleiro", afirmou em discurso o deputado Eduardo Valverde (PT-RO), autor do parecer do Conselho de Ética.

A suspeita
A acusação contra Vadão partiu de Marcos Valério, que afirma ter entregue a Vadão os R$ 3,7 milhões em duas oportunidades, em hotéis de São Paulo. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares confirma a história. Apesar de haver registro de telefonemas entre Vadão, Valério e Delúbio dias antes das supostas entregas, o conselho diz não ter reunido provas suficientes.
"Sofri acusações injustas, sempre cooperei com as investigações e, no fim, confirmou-se a verdade dos fatos. As razões do Conselho de Ética que me absolveram falam por si só", disse Vadão em breve discurso.
"Não podemos ter a esperança de cassação de Vadão Gomes em uma Casa contaminada por mensaleiros e sanguessugas", criticou em discurso o deputado João Fontes (PDT-SE).
O último caso de parlamentar envolvido com o mensalão ainda em análise pelo conselho é de José Janene (PP-PR), acusado de receber R$ 4,1 milhões. O deputado deve prestar depoimento na semana que vem.


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