São Paulo, sábado, 25 de junho de 2005

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Delcídio poupa Dirceu e Gushiken

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de ter marcado uma maratona de depoimentos para a próxima semana, acelerando os trabalhos da CPI dos Correios, o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), disse ontem que até agora não há nada que justifique a convocação do ministro Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação de Governo) e do ex-ministro José Dirceu.
O nome de Gushiken surgiu nesta semana durante o depoimento do ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração dos Correios, Maurício Marinho, flagrado em um vídeo recebendo propina de R$ 3.000.
Na tentativa de desviar de si o foco das investigações, Marinho listou uma série de negócios feitos na estatal que a CPI deveria investigar, entre eles os contratos com agências de propaganda e a destinação dos recursos de patrocínio, que estariam vinculados, segundo o funcionário, a Gushiken.
"Nada indica até agora a necessidade de convocar José Dirceu e Gushiken. Ontem [anteontem] chegou-se a citar o governador do Rio Grande do Sul [Germano Rigotto]. Não é porque foi citado que a gente, de uma hora para outra, vai convocar", disse. O empresário Arthur Washeck disse anteontem à CPI que a empresa Protelyne Calçados, que seria favorecida nos Correios, utilizava o nome de Rigotto para intimidar as pessoas e facilitar negócios.
Washeck, que mandou gravar uma conversa em que Marinho aparece cobrando propina, disse acreditar que a empresa utiliza o nome de Rigotto indevidamente. Tanto Rigotto quanto a Protelyne negaram as acusações.
Quanto ao ex-ministro José Dirceu, a oposição quer convocá-lo porque é responsabilidade da Casa Civil fazer as nomeações para cargos públicos. O PSDB e o PFL querem explicações sobre os critérios para as nomeações nos Correios. O próprio relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), já disse que a convocação de Dirceu será inevitável.
A agenda da CPI para a próxima semana está carregada. Os depoimentos serão retomados na terça-feira, quando serão ouvidos Joel Santos Filho, que participou da gravação da fita de vídeo, Jairo Martins, de quem foi alugada a câmera, e Arlindo Molina, que teria supostamente tentado chantagear Roberto Jefferson com a fita.
Na quarta a CPI ouvirá três diretores dos Correios -o de Tecnologia, Eduardo Medeiros, o de Administração, Antônio Osório, e o de Operações, Maurício Madureira. A semana será concluída com os depoimentos de Jefferson e de seu genro, Marcus Vinicius Vasconcelos Ferreira, na quinta.
Os petistas tentaram adiar a presença de Jefferson na comissão. A convocação do deputado foi um pleito da oposição. "Acordo político tem que ser cumprido, senão a gente não consegue fazer mais nada nesta comissão", disse Delcídio. (FERNANDA KRAKOVICS)


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