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Delcídio poupa Dirceu e Gushiken
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ter marcado uma
maratona de depoimentos para a
próxima semana, acelerando os
trabalhos da CPI dos Correios, o
presidente da comissão, senador
Delcídio Amaral (PT-MS), disse
ontem que até agora não há nada
que justifique a convocação do
ministro Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação de Governo)
e do ex-ministro José Dirceu.
O nome de Gushiken surgiu
nesta semana durante o depoimento do ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração dos Correios, Maurício
Marinho, flagrado em um vídeo
recebendo propina de R$ 3.000.
Na tentativa de desviar de si o
foco das investigações, Marinho
listou uma série de negócios feitos
na estatal que a CPI deveria investigar, entre eles os contratos com
agências de propaganda e a destinação dos recursos de patrocínio,
que estariam vinculados, segundo
o funcionário, a Gushiken.
"Nada indica até agora a necessidade de convocar José Dirceu e
Gushiken. Ontem [anteontem]
chegou-se a citar o governador do
Rio Grande do Sul [Germano Rigotto]. Não é porque foi citado
que a gente, de uma hora para outra, vai convocar", disse. O empresário Arthur Washeck disse
anteontem à CPI que a empresa
Protelyne Calçados, que seria favorecida nos Correios, utilizava o
nome de Rigotto para intimidar
as pessoas e facilitar negócios.
Washeck, que mandou gravar
uma conversa em que Marinho
aparece cobrando propina, disse
acreditar que a empresa utiliza o
nome de Rigotto indevidamente.
Tanto Rigotto quanto a Protelyne
negaram as acusações.
Quanto ao ex-ministro José Dirceu, a oposição quer convocá-lo
porque é responsabilidade da Casa Civil fazer as nomeações para
cargos públicos. O PSDB e o PFL
querem explicações sobre os critérios para as nomeações nos
Correios. O próprio relator da
CPI, deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), já disse que a convocação de Dirceu será inevitável.
A agenda da CPI para a próxima
semana está carregada. Os depoimentos serão retomados na terça-feira, quando serão ouvidos Joel
Santos Filho, que participou da
gravação da fita de vídeo, Jairo
Martins, de quem foi alugada a
câmera, e Arlindo Molina, que teria supostamente tentado chantagear Roberto Jefferson com a fita.
Na quarta a CPI ouvirá três diretores dos Correios -o de Tecnologia, Eduardo Medeiros, o de
Administração, Antônio Osório, e
o de Operações, Maurício Madureira. A semana será concluída
com os depoimentos de Jefferson
e de seu genro, Marcus Vinicius
Vasconcelos Ferreira, na quinta.
Os petistas tentaram adiar a
presença de Jefferson na comissão. A convocação do deputado
foi um pleito da oposição. "Acordo político tem que ser cumprido,
senão a gente não consegue fazer
mais nada nesta comissão", disse
Delcídio.
(FERNANDA KRAKOVICS)
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