São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2008

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ONG cobra rigor contra corrupção e cita Alstom

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

A investigação sobre as suspeitas de pagamento de propinas da empresa francesa Alstom no Brasil e em outros países é citada num relatório divulgado ontem pela Transparência Internacional como um exemplo preocupante do pouco rigor dos países no combate à corrupção cometida por suas empresas no exterior.
O estudo, que analisa o desempenho de 34 países, coloca a França entre aqueles que avançaram no combate à prática, mas diz que pressões políticas têm atrasado investigações sobre casos de corrupção. A Alstom foi salva da falência em 2004 graças a uma injeção de capital do então ministro de Finanças da França, o hoje presidente Nicolas Sarkozy.
Trata-se de um balanço do cumprimento da Convenção contra a Corrupção de Funcionários Públicos da OCDE, que já foi retificado por 37 países, entre eles o Brasil. A organização reprova o Brasil em quase todos os critérios de avaliação, afirmando que no país é difícil denunciar casos de corrupção e que as agências do governo são "em geral ineficientes" no combate à prática.
Para Jillian Dell, uma das autoras do relatório, o caso Alstom é um exemplo de como o acordo de 1997 mudou apenas parcialmente a mentalidade empresarial em países da Europa. "Houve uma mudança positiva em relação à corrupção doméstica, mas continua havendo leniência à praticada no exterior", disse Dell à Folha. Ela lamentou a escassez de informações oficiais em casos como o Alstom. "É preciso mais transparência nas investigações."
Reunido na semana passada, o Grupo contra a Corrupção da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) discutiu as investigações sobre a empresa francesa. "O caso Alstom foi tema do encontro e de recomendações dos países membros", confirmou o porta-voz da OCDE, Nicholas Bray.
Três investigações estão em curso na Justiça da Suíça sobre o caso Alstom, informou à Folha o Ministério Público. Uma delas é especificamente sobre o uso de bancos suíços para pagar propinas no Brasil. A segunda é sobre "cidadãos franceses suspeitos de, entre outras coisas, subornar funcionários públicos estrangeiros". Uma terceira envolve a Alstom e tem como alvo o banqueiro suíço Oskar Holenweger, suspeito de lavagem de dinheiro no caso.


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