São Paulo, quinta, 25 de junho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRIVATIZAÇÃO
Ministro reitera críticas à venda de ações da Ceterp, em governo petista, mas diz que não houve "dolo'
Para Barros, PT errou por "incompetência"

da Sucursal de Brasília

O ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) reiterou ontem, durante debate na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, críticas ao preço de venda de parte das ações da Ceterp, de Ribeirão Preto.
"Apesar da besteira e da falta de competência, não vejo dolo no ato do prefeito Palocci. Ele foi enrolado, fez um mau negócio. Usando uma expressão em francês, acho que Palocci foi "na$f' (ingênuo)", disse o ministro.
As discussões sobre o preço de venda de parte das ações da Ceterp e da Sercomtel dominaram o debate. As vendas foram feitas em 96 e 97, sob a administração do PT e do PDT, respectivamente.
Anteontem, Mendonça de Barros acusou os prefeitos de terem vendido as ações por preço "vil", na comparação com o valor mínimo que o governo pedirá no leilão da Telesp. Segundo o ministro, o ex-prefeito Antônio Palocci vendeu 46,3% do capital da Ceterp a um preço equivalente a R$ 784 por linha instalada.
O prefeito de Londrina, Antonio Belinatti, vendeu 45% das ações da Sercomtel a um preço equivalente a R$ 2.980 por linha instalada.
O preço da linha da Telesp (fixa e celular) estipulado pelo governo é R$ 4.769 e, segundo o ministro, o mercado internacional usa um parâmetro de R$ 3.200 por linha.
Os deputados do PT argumentaram que é "impossível" comparar as duas empresas municipais, com mercado restrito, à Telesp, uma empresa estadual e com mercado em expansão.
Os deputados disseram também que os prefeitos não venderam o controle acionário das empresas, como será feito com a Telesp.
Mendonça de Barros mudou o parâmetro de comparação e citou como exemplo a venda de 35% das ações da CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações) feita pelo governo do Rio Grande do Sul, no final do ano passado.
Segundo o ministro, o preço de venda dessas ações da CRT correspondeu a R$ 4.367 por linha instalada. "O preço de venda de 35% das ações da CRT também ficou acima do parâmetro internacional. Ou seja, não dá para explicar os R$ 784 por terminal em Ribeirão Preto de jeito nenhum", disse.

Suplicy
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) comparou o preço da linha da Ceterp com o preço de venda das ações da Telemig (tele de Minas Gerais, integrante do Sistema Telebrás) em 97.
Segundo Suplicy, as ações da estatal foram vendidas naquele ano a um valor que equivaleria a R$ 504 por linha.
"O senador Suplicy não é uma pessoa especializada nesses assuntos. Ele citou o preço das ações da Telemig negociadas nas Bolsas de Valores, isso não é parâmetro. Foi simplesmente uma pequena confusão do senador em relação à cola que ele trouxe de casa", afirmou Mendonça de Barros.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.