São Paulo, quarta-feira, 25 de julho de 2001

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Grupo do PMDB articula expulsão de senador

LUIZA DAMÉ
DENISE MADUEÑO


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os partidos aliados e o próprio PMDB estão fechando o cerco contra o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), presidente licenciado do Senado. A pressão é para que o senador renuncie à presidência da Casa.
Grupo do PMDB tenta articular a expulsão de Jader do partido e tucanos não acreditam mais na volta do senador para o cargo. Jader anunciou a licença da presidência do Senado na última sexta-feira por 60 dias.
O deputado Luiz Bittencourt (PMDB-GO), integrante do grupo que faz oposição à cúpula partidária -chamado de MDB (Movimento Democrático de Base)-, afirmou que vai pedir a expulsão de Jader do partido. Segundo ele, o pedido será apresentado na próxima reunião da Executiva do PMDB, em agosto, logo após a volta dos trabalhos no Congresso.
Bittencourt está mobilizando os integrantes do MDB para assinar o pedido. "O país não tolera, e nós não podemos conviver com a corrupção e com a mentira. Ele [Jader" mentiu para o partido, para o Senado e para o país", disse Bittencourt. Ele afirmou que o recurso de Jader ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar impedir a quebra de seu sigilo bancário e fiscal demonstra que o senador tem o que esconder.
Na próxima semana, o MDB deve se reunir para discutir uma posição conjunta sobre o caso Jader.
"Qualquer que seja a decisão deverá ser coletiva. O senador nunca contou com o nosso apoio, mas o pedido de expulsão deverá ser avaliado com os demais parlamentares", afirmou o deputado Igor Avelino (PMDB-TO).
A deputada Rita Camata (PMDB-ES) ponderou que o partido deverá dar direito de defesa a Jader. Para ela, o pedido de expulsão agora é precipitado. "O senador deverá ter a oportunidade de se explicar e de provar que está certo", afirmou Rita.
O chamado MDB reúne em torno de 25 congressistas. O grupo apoiou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da corrupção, contrariando o pedido do PMDB de não dar assinaturas ao requerimento da oposição.
Nos bastidores da reunião da Executiva Nacional do PSDB, congressistas disseram que Jader não voltará à presidência do Senado. Segundo eles, a abertura de processo de apuração pelo Conselho de Ética é inevitável e Jader não poderá continuar no cargo sob investigação.
"Acho difícil a sua volta [à presidência", considerando que o Conselho de Ética deverá abrir investigação. Será uma situação constrangedora para ele e para o Senado", afirmou o senador Ricardo Santos (PSDB-ES), presidente da Comissão de Educação.
O presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SP), não quis discutir a eventual renúncia de Jader, mas afirmou que as denúncias causam constrangimento aos congressistas.
O líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), foi um dos que articularam o afastamento de Jader. Na noite de quinta-feira, véspera do pedido de licença, Jader se reuniu com Machado e com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).


Colaborou SANDRA BRASIL, enviada especial a Brasília



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