São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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GOVERNO

Governo pode fixar preço máximo do GLP e incluir o dos combustíveis

FHC manda intervir nos preços do gás de cozinha

Sergio Lima/Folha Imagem
O presidente FHC em cerimônia de entrega de aviões do Sivam


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso determinou uma intervenção no preço dos combustíveis, a fim de diminuir especialmente o custo do gás de cozinha.
O governo deverá fixar preços máximos para gás de cozinha, podendo incluir também o dos combustíveis. O ministro da Casa Civil, Pedro Parente, anunciou que até o final da próxima semana pode ser editada uma resolução que deve fixar os "preços máximos, um teto, por exemplo, em caráter provisório". Apesar de o governo negar, na prática funcionaria como um tabelamento.
Ao justificar a medida, Parente afirmou que os estudos do governo podem identificar monopólio no mercado de combustíveis.
Recentemente, o candidato do governo à Presidência, José Serra, declarou que os aumentos que ocorrem no gás e na gasolina "são abusivos". Pressionado por Serra e seus aliados a frear tais aumentos, FHC surpreendeu ao dizer ontem: "Determinei ao CNPE (Conselho Nacional de Petróleo) que baixasse uma diretriz para que a ANP (Agência Nacional de Petróleo) tenha papel ativo na regulação dos preços dos combustíveis, principalmente do gás".
Segundo FHC, "chegou a hora de a ANP, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) já o faz no que diz respeito às tarifas de energia, atuar de maneira mais ativa na regulação dos preços e, se for necessário, que intervenha nos preços".
O ministro Francisco Gomide (Minas e Energia) também bateu duro, ameaçando intervir no mercado de gás de cozinha. Para ele, há abuso no mercado e, se não houver acordo do governo com as empresas, haverá intervenção. A questão deve ser decidida pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) em agosto.
"O nosso desejo é que as margens de distribuição e revenda caiam espontaneamente e fiquem dentro de patamares que achamos adequados", declarou. "Naturalmente o governo prefere não ter estabelecimento de preço máximo, porque isso arranha a filosofia que tentamos implantar", afirmou. Se a conversa com as empresas não der certo, haverá a fixação dos preços máximos durante um período fixo.
A decisão de intervir nos preços dos combustíveis faz parte do esforço do governo, que começou na semana passada, para acabar com as más notícias na economia, num momento em que a candidatura de Serra passa por uma crise.
Na última pesquisa Datafolha, o tucano estava empatado tecnicamente com Ciro Gomes (PPS). Pesquisas divulgadas depois pelo Vox Populi e Ibope mostraram Ciro isolado em segundo lugar e Serra em terceiro.
Outro componente político seria o o interesse de FHC de terminar bem o mandato. "O presidente tem uma biografia a fechar", diz um interlocutor de FHC. A Folha apurou que FHC pediu à equipe econômica que priorizasse liberação de verbas para projetos que possam gerar emprego, outra cobrança da equipe de Serra.
Desde a semana passada, quando o governo baixou a taxa de juros de 18,5% para 18% ao ano, atos de governo e campanha têm se misturado, apesar de FHC ter dito que não faria isso.
Houve também R$ 1,2 bilhão de liberação de verbas, beneficiando emendas parlamentares e investimentos em obras, o que rende dividendos políticos em ano eleitoral. Anteontem, FHC anunciou a destinação de R$ 8 bilhões do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para estimular a geração de empregos.
Agora, pode vir a queda do gás de cozinha. Desde julho de 1994, segundo o IBGE, o produto teve alta de 472,2%, enquanto os preços das tarifas públicas e dos preços administrados subiram 117%.



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