São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

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ARAPONGA BRASILEIRO

Casos conjugais representam 60% das investigações de agente do caso PC

Detetive segue marido por R$ 300

Roosevelt Cássio/Folha Imagem
O detetive Alceu Alves Guimarães com equipamentos de espionagem em seu escritório


DA REPORTAGEM LOCAL

Um único item da lista de preços da Kroll -como a pesquisa sobre um integrante do Judiciário, a 1.500 [R$ 5.500] - pode significar um mês de salário do detetive Alceu Alves Guimarães. Com 25 anos de profissão, Alceu não revela quanto ganha. Mas dá a pista:
"Um detetive que ganhe menos que R$ 5.000 pode deixar o mercado porque não está legal".
Com um escritório no largo do Arouche, Guimarães já foi coadjuvante num dos maiores escândalos nacionais, a morte de Paulo Cesar Farias, tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, o PC Farias. Foi ele quem gravou as conversas de Suzana Marcolino, namorada de PC, com seu dentista.
"Isso me deu a maior dor-de-cabeça. A família usou como prova de um crime passional."
Guimarães conta com equipamento para escuta telefônica e faz gravações de áudio e vídeo. Segundo ele, um equipamento para gravação clandestina custa hoje US$ 15 mil [R$ 45 mil], mas ele não dispõe do equipamento.
"Tem gente que oferece esse tipo de serviço, e a gente faz parceria", que, em seu anúncio nos jornais, oferece gravação em qualquer sistema e venda de equipamentos.
Guimarães, que proporciona serviços para casos conjugais, conta que hoje 40% dos seus clientes são para investigações empresariais. Do dono de revendedora de autopeças que desconfia do funcionário a uma empresa em litígio com a concorrente. Os preços também variam de R$ 2.000 a R$ 20 mil.
A média de casos é de cinco ao mês. E, segundo ele, há empresas que o contratam regularmente, para, por exemplo, investigar o passado de uma pessoa prestes a ser contratada. "A empresa que não tem esse serviço não sobrevive no mercado."
Mas, em tempos de globalização, os casos conjugais continuam a representar 60% dos negócios de Guimarães. E seguir um marido -com direito à gravação em áudio e vídeo- custa R$ 300 por dia.


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