São Paulo, sábado, 25 de agosto de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Serra ouve gritos de "presidente" em Recife em ato de filiação de Roberto Magalhães ao PSDB

Candidato não é escolha pessoal de FHC, afirma Tasso

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), afirmou ontem em Recife que a definição do candidato tucano à Presidência não deve ser feita "a partir de uma escolha pessoal, do coração, do momento ou da vontade de uma pessoa, do presidente Fernando Henrique Cardoso".
A declaração confirma a disposição de Tasso em lutar para se viabilizar como candidato do PSDB na sucessão de FHC. Visa criar um espaço alternativo aos dos ministros José Serra (Saúde), Pedro Malan (Fazenda) e Paulo Renato (Educação), que vêm sendo estimulados por FHC para se lançarem como candidatos à Presidência da República.
Para o governador do Ceará, o processo de sucessão deve ser debatido a partir de uma discussão "muito mais ampla, dentro do partido, com outros partidos, dentro da sociedade e em torno de um projeto comum".
"Não sei se prévias ou primárias seriam factíveis, mas, com certeza, é preciso inverter a discussão da maneira como foi colocada, que é o Fernando Henrique que vai escolher [o candidato". Isso com certeza não é", disse.
O governador confirmou sua disposição em se candidatar à Presidência, se houver consenso em torno de seu nome. Afirmou também que, no momento em que coloca suas idéias, está colocando seu nome em discussão.

Serra
Já José Serra, que também estava ontem em Recife participando com Tasso e outros líderes do partido da solenidade de filiação ao PSDB do ex-prefeito da capital pernambucana Roberto Magalhães, se recusou a falar sobre política.
Mas, em seu discurso, o ministro enalteceu seu próprio trabalho no governo e, para uma platéia lotada de lideranças regionais do partido, defendeu a realização de obras permanentes contra a seca no Nordeste.
Sentado do lado oposto ao governador cearense na mesa das autoridades, Serra disse ainda que não terá dificuldade em defender o governo federal que, segundo ele, "fez muito mais do que deixou de fazer".
Aplaudido, por quatro vezes o ministro ouviu gritos de "futuro presidente" vindos da galeria do plenário da Assembléia Legislativa, onde aconteceu a solenidade.
Tasso, que estava sentado ao lado de Jarbas Vasconcelos (PMDB), governador de Pernambuco e eventual candidato a vice em uma chapa encabeçada por Serra, olhou para a platéia mas não reagiu às manifestações.

Prévias
No centro da mesa, o presidente nacional do PSDB, deputado federal José Aníbal (SP), voltou a atacar o PT, com críticas ao governo do Rio Grande do Sul e à Prefeitura de São Paulo. "Não temos lição de moral e ética para receber de ninguém", declarou.
Os mesmos ataques foram feitos antes da solenidade, quando Aníbal citou Tasso e Serra como os dois pré-candidatos "com mais visibilidade e mais referência no PSDB ". Segundo ele, os dois têm "a vivência política e de mundo" que considera faltar à oposição.
Sobre Malan, o presidente do PSDB reafirmou que o ministro da Fazenda não quer se candidatar. "Mesmo que ele se filie ao partido isso não implicará em sua candidatura automática", disse. "Seria mais um nome [a eventualmente postular o cargo"".
Para Aníbal, o candidato do PSDB deve encabeçar a chapa governista.
Quanto à possível ausência do PMDB na coligação, Aníbal diz que não seria surpreendente: "Seria inédita [essa participação", já que o partido não integrou a aliança em 1994 e 1998 ", disse.
O líder tucano afirmou também que a escolha do candidato de seu partido não será feita por meio de prévias, o que, em tese, favoreceria Serra, em virtude de ter hoje atuação e visibilidade nacionais. Se a definição do nome ficasse nas mãos dos cardeais do partido, a disputa com Tasso poderia ganhar ares de igualdade.
(FÁBIO GUIBU)



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