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JUDICIÁRIO
Tribunais incluem verba extra em proposta orçamentária de 2002 para facilitar aprovação de reajuste de 37,1%
Gasto com pessoal pode chegar a R$ 9,6 bi
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antes mesmo do envio ao Congresso do projeto de lei que dará
aumento salarial médio de 37,1%
ao funcionalismo do Judiciário,
os tribunais já incluíram verba extra na proposta orçamentária de
2002. A única exceção foi o STF
(Supremo Tribunal Federal), segundo os técnicos que elaboraram a proposta.
A expectativa é que a despesa da
Justiça da União com pessoal se
eleve de R$ 7 bilhões por ano para
R$ 9,6 bilhões. Serão beneficiados
101 mil servidores ativos, aposentados e pensionistas.
O aumento foi aprovado na última quarta-feira pelos ministros
do STF, por decisão unânime.
Dois deles estavam ausentes: Néri
da Silveira e Celso de Mello. Antes, os outros tribunais já haviam
enviado a proposta orçamentária
com a nova despesa.
O Supremo só não incluiu o gasto extra na proposta orçamentária de 2002 porque o presidente
do tribunal, ministro Marco Aurélio de Mello, se opôs a essa iniciativa. Ele considera necessária a
aprovação prévia do projeto.
A previsão da despesa no Orçamento do próximo ano faz parte
de uma estratégia para facilitar a
aprovação do aumento, porque
impedirá que os congressistas argumentem violação da Lei de Responsabilidade Fiscal por falta de
dotação orçamentária. Mas o
Congresso pode fazer corte.
No momento, o Judiciário negocia com a área econômica do
governo a liberação de crédito extraordinário de R$ 640 milhões
para suprir os gastos com o pagamento do reajuste de 11,98%, incorporado ao salário sem previsão orçamentária. O governo resiste em liberar.
Além dos 11,98%, concedidos
no ano passado, os servidores do
Judiciário também foram contemplados nos últimos anos com
um aumento médio de 50% do
Plano de Cargos e Salários, implementado entre 1997 e 2000.
O diretor-geral do STF, Athayde
Fontoura, disse que o envio do
projeto foi aprovado pelos ministros do tribunal porque a situação
estava "insustentável", referindo-se à insatisfação do funcionalismo
da Justiça.
Fontoura afirmou que há grande evasão, por desestímulo, de
servidores de nível superior que
ingressaram recentemente no
quadro do Judiciário.
No topo da carreira de analista
judiciário, cargo de nível superior,
os servidores mais antigos que
têm hoje remuneração de R$
12.005 passarão a receber R$
15.620, conforme estudo do TST
(Tribunal Superior do Trabalho)
ao qual a Folha teve acesso.
Esse será o vencimento dos funcionários que ocupam cargos de
confiança elevados, como diretor
de secretaria das varas federais e
trabalhistas.
O aumento máximo será de
189,18% e atingirá os funcionários
que acabaram de entrar na carreira de auxiliar judiciário, de nível
básico, e que não têm nenhuma
gratificação. A remuneração deles
passará de R$ 495,20 para R$
1.432,01, segundo tabela da Federação Nacional dos Servidores do
Poder Judiciário.
São beneficiados os servidores
da Justiça Federal, da Justiça do
Trabalho, da Justiça Militar e da
Justiça Eleitoral. O projeto não
atingirá o funcionalismo da Justiça dos Estados.
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