São Paulo, domingo, 25 de agosto de 2002

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SÃO PAULO

Equipe de advogados com 21 pessoas e escritório contratado na Suíça trabalham em 150 processos neste momento

"Blindagem" de Maluf custa R$ 1,3 milhão

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma equipe de 21 pessoas, entre advogados e estudantes de direito, e mais um escritório de advocacia contratado na Suíça. É o serviço de "blindagem" à disposição do candidato do PPB ao governo paulista, Paulo Maluf, alvo preferencial em temporada de eleições.
Profissionais que executam tarefas semelhantes avaliam que o ex-prefeito desembolsará pelo menos R$ 1,3 milhão neste ano com o esquema, incluindo custos como eventuais indenizações e multas. Até a tarde de anteontem, a equipe, que mantém plantões de 16 horas por dia, acompanhava 150 processos, entre as áreas criminal, cível e eleitoral.
O serviço é coordenado pelo advogado Ricardo Tosto, do escritório Leite, Tosto e Barros, um dos maiores de São Paulo, que já trabalhava para a Eucatex, empresa da família de Paulo Maluf. Além dos seus funcionários, contratou a assessoria de nomes de grife, como os criminalistas Arnaldo Malheiros Filho e José Roberto Leal.
"Advogar para Maluf é um desafio", disse Tosto à Folha, que reconhece as peculiaridades do candidato: "Ele é muito polêmico e competitivo, sempre está no centro das atenções em qualquer eleição. O trabalho é redobrado".
Tosto alega razões de ética profissional, como é praxe entre os advogados, para não revelar o valor pago pelo candidato do PPB. Divulga apenas que o emprego de estagiários de direito reduz muito os custos. O comitê malufista também mantém segredo.
A principal meta da equipe de advogados é evitar condenações em casos que poderiam comprovar irregularidades administrativas de Maluf, acusado pelos adversários, em várias ocasiões, de ser o representante do "rouba mas faz", slogan usado pelos adeptos de Adhemar de Barros.
A seu favor, o ex-prefeito alega que nunca foram encontradas provas que justificassem a acusação. Suas preocupações foram ampliadas depois que a Folha revelou, em junho do ano passado, que o político teve cerca de US$ 200 milhões bloqueados em contas em Jersey, um paraíso fiscal.
Dois meses depois, o governo da Suíça informou ao Brasil que Maluf manteve contas no Citibank de Genebra, entre 1985 e 97, quando fez transferência dos dólares para Jersey. O ex-prefeito nega a existência das contas. Um escritório de advocacia na Suíça, que faz parte da estratégia da "blindagem", foi contratado para ajudar na defesa do candidato.
Atenta a qualquer menção ao nome de Maluf, a equipe de advogados mantém um serviço de escuta de rádio e TV e processa quem ataca o ex-prefeito. O último alvo foi o conjunto RPM, acusado de provocar danos morais ao candidato. Na música "Alvorada Voraz", o grupo de rock cita o ex-prefeito em um verso: "O caso Sudam, Maluf, Lalau, Barbalho, Sarney". Em versão de 1986, a mesma música relacionava "o caso Morel, o crime da mala/ Coroa Brastel, o escândalo das jóias".
O modelo de trabalho desenhado pela equipe para o período eleitoral teve origem em 2000, quando esteve a serviço de Maluf. "Antes, os comitês tinham advogados que iam à Justiça com camisas e "buttons" dos candidatos. Aqui não tem amadorismo, fazemos uma defesa inteiramente profissional", diz Ricardo Tosto.



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