FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A RIO BRANCO

Em discurso para um público estimado pela PM em 10 mil pessoas no centro de Rio Branco (AC), na madrugada de ontem, o governador do Acre, Jorge Viana (PT), desferiu uma violenta crítica aos juízes eleitorais do Estado, chamando-os de "bandidos" e "vendidos". "Não aceito que bandidos me julguem. Não vou me curvar a meia dúzia de vendidos, que só pensam em suas gordas aposentadorias", declarou Viana.
Foi a primeira manifestação pública do governador em território acreano após a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de cassar sua candidatura à reeleição, anteontem. Viana deveria recorrer ainda ontem da decisão.
Dirigindo-se à multidão, pediu que as pessoas o ajudem a "que a Justiça seja feita". "Só quero o direito de ver o povo decidindo se devo continuar no governo."
"A decisão foi jurídica. Palavras ditas em palanques ficam por conta do calor eleitoral. Os juízes examinarão as declarações do governador e poderão entrar com medidas cabíveis, se for o caso", disse o assessor de comunicação do TRE-AC, Osman Sales.
O governador prometeu "não recuar frente ao crime organizado", repetindo acusação feita pelo PT de que a impugnação seria uma vingança de criminosos presos por ação de seu governo. Em referência às ameaças de morte que vem sofrendo, Viana disse que somente duas coisas o impediriam de buscar a reeleição. "Uma é tentarem me impugnar. A outra é me matando."
O governador recebeu a notícia da impugnação anteontem pela manhã em Porto Velho (RO), onde acompanhava caravana do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva. De lá, seguiu para Manaus (AM) e no final da noite tomou avião de volta ao Acre. Chegou a Rio Branco pouco antes da meia-noite (2h de ontem em Brasília).
Cerca de mil pessoas o esperavam no aeroporto, cantando palavras de ordem e segurando bandeiras. Viana foi carregado nos ombros pela multidão, beijado e abraçado. Do aeroporto, o governador seguiu em carreata até o centro de Rio Branco, onde milhares de pessoas o esperavam em vigília desde as 20h.
O TRE cassou a candidatura de Viana e o declarou inelegível pelos próximos três anos pelo uso de um logotipo estadual em formato de uma árvore com o slogan "Governo da Floresta".
A decisão do tribunal foi tomada depois da apreciação de uma ação proposta pelo MDA (Movimento Democrático Acreano), liderado pelo ex-prefeito de Rio Branco Flaviano Melo (PMDB), que também candidato ao governo do Estado.
O logotipo e o slogan, segundo a ação, são associados à imagem de Viana. Como estão espalhados pelas repartições públicas do Estado, dariam ao governador, que lidera as pesquisas, petista uma exposição grande e desigual frente aos seus adversários.



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