São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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CONGRESSO

Líder do PMDB no Senado, que disputa com Sarney a presidência da Casa, diz não aceitar ser compensado com cargo no governo

Calheiros rejeita acordo e mantém racha

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), afirmou aos líderes da base aliada, em jantar anteontem, que não fará acordo para desistir da presidência da Casa em troca de um cargo no primeiro escalão do governo federal.
A disputa entre ele e o atual presidente, senador José Sarney (PMDB-AP), racha o maior partido do Senado e afeta a frágil maioria do governo Lula na Casa.
"Não vou fazer acordo, já fui ministro duas vezes. Não é bom revisitar o lugar em que se foi feliz", declarou Calheiros ontem.
A proposta de emenda constitucional que permitiria a reeleição das Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado foi derrotada em votação na primeira Casa no início deste ano, mas Sarney e o presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), pretendem colocar o projeto em votação novamente.
Tanto o governo quantos os partidos de oposição estão divididos sobre essa questão.
Os líderes da base aliada, no jantar realizado na casa do ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), afirmaram que apóiam o direito do PMDB de indicar, como a maior bancada, o novo presidente do Senado em fevereiro, mas que é preciso equacionar o problema dentro do próprio partido.
"Para o governo, é indispensável a unidade do PMDB no Senado, devido à frágil maioria que temos na Casa. A turbulência da derrota da emenda da reeleição teve conseqüência na votação do salário mínimo e, se tivesse sido aprovada, também teríamos a turbulência, no sentido contrário. A bancada do PMDB tem que indicar a solução", afirmou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), em referência à derrota do governo na Casa ao tentar aprovar a definição do valor do mínimo em R$ 260.
Depois, na Câmara, o governo acabou conseguindo reverter a decisão do Senado, que havia elevado o mínimo para R$ 275.
Mercadante negou que tenha mudado de lado, apoiando agora a reeleição de João Paulo, como compensação pelo fato de a cúpula petista ter sinalizado que o senador será o candidato do partido ao governo de São Paulo em 2006, projeto que também é almejado pelo atual presidente da Câmara.
"Não há nenhuma relação entre a sucessão ao governo de São Paulo e esse episódio [reeleição]", disse o líder do governo no Senado.

Definição no PMDB
Assim que a emenda da reeleição para as presidências da Câmara e do Senado for colocada novamente em pauta, Calheiros convocará a bancada de senadores do PMDB para que ela delibere sobre o assunto. O atual presidente do Senado conta com o voto de apenas quatro dos 23 representantes do partido na Casa.
Hoje à noite, já haverá uma prévia em uma reunião na casa do senador Hélio Costa (PMDB-MG).
Em conversa do presidente da Câmara com o ministro da Casa Civil, José Dirceu, que apóia a intenção do deputado de se reeleger, João Paulo afirmou, segundo a Folha apurou, que já colocaria a emenda em votação até o final deste mês.
Esse cenário, no entanto, é improvável porque, para ser aprovada, uma emenda constitucional precisa do voto favorável de 308 deputados -60% da Casa- e a Câmara ficará vazia até as eleições municipais de outubro. (FERNANDA KRAKOVICS)

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