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CONGRESSO
Líder do PMDB no Senado, que disputa com Sarney a presidência da Casa, diz não aceitar ser compensado com cargo no governo
Calheiros rejeita acordo e mantém racha
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do PMDB no Senado,
Renan Calheiros (AL), afirmou
aos líderes da base aliada, em jantar anteontem, que não fará acordo para desistir da presidência da
Casa em troca de um cargo no primeiro escalão do governo federal.
A disputa entre ele e o atual presidente, senador José Sarney
(PMDB-AP), racha o maior partido do Senado e afeta a frágil maioria do governo Lula na Casa.
"Não vou fazer acordo, já fui
ministro duas vezes. Não é bom
revisitar o lugar em que se foi feliz", declarou Calheiros ontem.
A proposta de emenda constitucional que permitiria a reeleição
das Mesas Diretoras da Câmara
dos Deputados e do Senado foi
derrotada em votação na primeira Casa no início deste ano, mas
Sarney e o presidente da Câmara,
deputado João Paulo Cunha (PT-SP), pretendem colocar o projeto
em votação novamente.
Tanto o governo quantos os
partidos de oposição estão divididos sobre essa questão.
Os líderes da base aliada, no jantar realizado na casa do ministro
Aldo Rebelo (Coordenação Política), afirmaram que apóiam o direito do PMDB de indicar, como a
maior bancada, o novo presidente
do Senado em fevereiro, mas que
é preciso equacionar o problema
dentro do próprio partido.
"Para o governo, é indispensável a unidade do PMDB no Senado, devido à frágil maioria que temos na Casa. A turbulência da
derrota da emenda da reeleição
teve conseqüência na votação do
salário mínimo e, se tivesse sido
aprovada, também teríamos a
turbulência, no sentido contrário.
A bancada do PMDB tem que indicar a solução", afirmou o líder
do governo no Senado, Aloizio
Mercadante (PT-SP), em referência à derrota do governo na Casa
ao tentar aprovar a definição do
valor do mínimo em R$ 260.
Depois, na Câmara, o governo
acabou conseguindo reverter a
decisão do Senado, que havia elevado o mínimo para R$ 275.
Mercadante negou que tenha
mudado de lado, apoiando agora
a reeleição de João Paulo, como
compensação pelo fato de a cúpula petista ter sinalizado que o senador será o candidato do partido
ao governo de São Paulo em 2006,
projeto que também é almejado
pelo atual presidente da Câmara.
"Não há nenhuma relação entre
a sucessão ao governo de São Paulo e esse episódio [reeleição]", disse o líder do governo no Senado.
Definição no PMDB
Assim que a emenda da reeleição para as presidências da Câmara e do Senado for colocada
novamente em pauta, Calheiros
convocará a bancada de senadores do PMDB para que ela delibere sobre o assunto. O atual presidente do Senado conta com o voto de apenas quatro dos 23 representantes do partido na Casa.
Hoje à noite, já haverá uma prévia em uma reunião na casa do senador Hélio Costa (PMDB-MG).
Em conversa do presidente da
Câmara com o ministro da Casa
Civil, José Dirceu, que apóia a intenção do deputado de se reeleger, João Paulo afirmou, segundo
a Folha apurou, que já colocaria a
emenda em votação até o final
deste mês.
Esse cenário, no entanto, é improvável porque, para ser aprovada, uma emenda constitucional
precisa do voto favorável de 308
deputados -60% da Casa- e a
Câmara ficará vazia até as eleições
municipais de outubro.
(FERNANDA KRAKOVICS)
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