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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ LULA NA MIRA
Dilma Roussef nega que cartões tenham pago despesas pessoais de Lula e Marisa
TCU aprova auditoria de uso de cartões da Presidência
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) negou ontem que os cartões de crédito corporativos tenham sido usados para pagamento de despesas pessoais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
da mulher, Marisa Letícia.
"Não tem compra na Daslu, nós
conhecemos os limites, nós sabemos o significado disso", disse a
ministra ontem à noite à saída do
TCU (Tribunal de Contas da
União), que acabara de aprovar
uma auditoria nos gastos com
cartões da Presidência.
Entre saques em dinheiro e pagamentos de faturas, os cartões
corporativos da Presidência consumiram quase R$ 20 milhões
desde a posse de Lula, segundo informações obtidas no Siafi (sistema informatizado de acompanhamento de gastos federais).
A "falta de transparência" nas
despesas pagas com cartões é o
principal motivo apresentado pelo TCU para justificar a auditoria.
Criados com o objetivo de facilitar o pagamento de despesas urgentes e de menor valor, os cartões corporativos se transformaram numa rotina cara no governo
Lula. Chama a atenção do TCU
sobretudo o volume de saques em
dinheiro. O destino do dinheiro,
por ora, é desconhecido.
Um único portador dos cartões
de crédito da Presidência foi responsável por gastos de R$ 1,3 milhão entre faturas e saques em
pouco mais de um ano e meio.
Em um único mês, Clever Fialho
Pereira sacou em dinheiro R$ 78
mil. Outros 11 funcionários seriam portadores de cartões corporativos usados na Presidência.
Uma regra baixada em dezembro de 2003 pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência impediu o acesso aos detalhes dos gastos com cartões. O
Planalto alega questões de segurança de Lula e de sua família.
"Estamos muito preocupados
com as notícias de que o TCU
quebraria o sigilo das contas corporativas do governo porque não
existe sigilo para o TCU", afirmou
a ministra Dilma Rousseff.
A auditoria do TCU vai se concentrar nos gastos da secretaria de
administração da Presidência e da
Agência Brasileira de Inteligência,
as duas unidades que mais gastam com cartões corporativos. A
secretaria se encarrega das despesas do gabinete de Lula.
Antes da auditoria, os gastos
com cartões passaram por uma
análise interna no Planalto. Alguns pagamentos teriam sido
cancelados, segundo a ministra.
O ministro Ubiratan Aguiar,
responsável pela auditoria nos
cartões, disse que não há prazo
para concluir a investigação.
De acordo com relatório produzido pela Casa Civil, a maior parte
(90%) dos saques em dinheiro
com cartões se destina ao pagamento de faturas "oriundas de
viagens presidenciais". O volume
de saques diminuiu em 2005.
Na mesma sessão em que aprovou a auditoria nos cartões, o
TCU determinou que a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) suspenda os pagamentos à SMPB, do publicitário Marcos Valério de Souza. Foram detectados pagamentos de serviços
que não teriam sido prestados.
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