São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ LULA NA MIRA

Dilma Roussef nega que cartões tenham pago despesas pessoais de Lula e Marisa

TCU aprova auditoria de uso de cartões da Presidência

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) negou ontem que os cartões de crédito corporativos tenham sido usados para pagamento de despesas pessoais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da mulher, Marisa Letícia.
"Não tem compra na Daslu, nós conhecemos os limites, nós sabemos o significado disso", disse a ministra ontem à noite à saída do TCU (Tribunal de Contas da União), que acabara de aprovar uma auditoria nos gastos com cartões da Presidência.
Entre saques em dinheiro e pagamentos de faturas, os cartões corporativos da Presidência consumiram quase R$ 20 milhões desde a posse de Lula, segundo informações obtidas no Siafi (sistema informatizado de acompanhamento de gastos federais).
A "falta de transparência" nas despesas pagas com cartões é o principal motivo apresentado pelo TCU para justificar a auditoria. Criados com o objetivo de facilitar o pagamento de despesas urgentes e de menor valor, os cartões corporativos se transformaram numa rotina cara no governo Lula. Chama a atenção do TCU sobretudo o volume de saques em dinheiro. O destino do dinheiro, por ora, é desconhecido.
Um único portador dos cartões de crédito da Presidência foi responsável por gastos de R$ 1,3 milhão entre faturas e saques em pouco mais de um ano e meio. Em um único mês, Clever Fialho Pereira sacou em dinheiro R$ 78 mil. Outros 11 funcionários seriam portadores de cartões corporativos usados na Presidência.
Uma regra baixada em dezembro de 2003 pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência impediu o acesso aos detalhes dos gastos com cartões. O Planalto alega questões de segurança de Lula e de sua família.
"Estamos muito preocupados com as notícias de que o TCU quebraria o sigilo das contas corporativas do governo porque não existe sigilo para o TCU", afirmou a ministra Dilma Rousseff.
A auditoria do TCU vai se concentrar nos gastos da secretaria de administração da Presidência e da Agência Brasileira de Inteligência, as duas unidades que mais gastam com cartões corporativos. A secretaria se encarrega das despesas do gabinete de Lula.
Antes da auditoria, os gastos com cartões passaram por uma análise interna no Planalto. Alguns pagamentos teriam sido cancelados, segundo a ministra.
O ministro Ubiratan Aguiar, responsável pela auditoria nos cartões, disse que não há prazo para concluir a investigação.
De acordo com relatório produzido pela Casa Civil, a maior parte (90%) dos saques em dinheiro com cartões se destina ao pagamento de faturas "oriundas de viagens presidenciais". O volume de saques diminuiu em 2005.
Na mesma sessão em que aprovou a auditoria nos cartões, o TCU determinou que a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) suspenda os pagamentos à SMPB, do publicitário Marcos Valério de Souza. Foram detectados pagamentos de serviços que não teriam sido prestados.


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