São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula agora fala em reduzir juros e impostos

Após ouvir queixas de empresários durante jantar, presidente pede tempo para superar os "grandes pecados nacionais"

Petista diz que seu sonho é "contribuir humildemente" para que o Brasil cresça de forma sustentada e se torne "uma nação rica e justa"


EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em discurso ontem no Palácio do Planalto a integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou o tom que costuma usar nos palanques políticos. Fez promessas, pediu mais tempo para superar os "grandes pecados nacionais" e agradeceu pelo apoio que recebeu na crise do mensalão do ano passado.
"Precisamos ter juros menores e uma carga de impostos mais leves", declarou cerca de 12 horas após ter jantado com um grupo de 27 empresários, alguns deles integrantes do Conselhão. Ontem, a Receita Federal anunciou que a carga tributária chegou ao nível recorde de 37,37% do PIB (leia mais no caderno Dinheiro).
No jantar, Lula ouviu queixas e sugestões para um eventual segundo mandato. Ciente das demandas, tratou de distribuir promessas aos integrantes do Conselhão, formado em sua maioria por empresários, banqueiros e sindicalistas. A eles pediu em várias ocasiões, implicitamente, mais quatro anos no Planalto.
Primeiro, disse que precisa de "mais tempo": "Avançamos bem nos últimos três anos e meio, mas precisamos de muito mais tempo e muito mais trabalho para superar esses grandes pecados nacionais", que segundo ele são a má distribuição de renda e as carências educacionais. "Meu sonho continua sendo o de contribuir humildemente para que o Brasil encontre, definitivamente, o caminho do desenvolvimento sustentado, transformando-se numa nação rica e justa".
Lula agradeceu os presentes, cerca de 80 conselheiros, por não ter sido abandonado em meio à crise do mensalão (sem citar essa palavra). "Em nenhum momento, em todas as reuniões de que eu participei, senti em vocês qualquer sintoma além daquele que era de indignação com o que estava acontecendo no Brasil."
Ontem, o conselho apresentou a Lula um plano pelo qual, a partir de 2008 o Brasil possui condições de crescer a taxas anuais de 6%. Após ouvir dez conselheiros, que mesclaram elogios e cobranças, Lula exaltou as ações do governo, como o aumento das exportações e da geração de emprego, e fez promessas para um segundo mandato na exata linha que os empresários queriam ouvir.
Ele disse que é preciso melhorar a qualidade dos gastos e diminuir despesas de custeio. "Vamos precisar também promover um grau de abertura maior da economia em setores indutores de avanços tecnológicos e continuar reduzindo nosso déficit em infra-estrutura." Para ele, a redução dos impostos "não é uma missão impossível", mas insinuou o perigo de uma mudança de comando do país: "Não podemos perder a grande oportunidade que nós mesmos criamos. Chega de crises a cada dois ou três anos".

Reforma política
Questionado sobre as prioridades de um segundo mandato, Lula defendeu a reforma política: "A organização partidária está apodrecida", disse em entrevista à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre. Ele defendeu o financiamento público de campanhas: "Não tem coisa mais humilhante que um candidato pedir dinheiro a um empresário, e o empresário ter que dar com medo de que, se não der, vai acontecer alguma coisa".
Lula também quer rediscutir a duração do mandato dos senadores, de oito anos.


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