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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula agora fala em reduzir juros e impostos
Após ouvir queixas de empresários durante jantar, presidente pede tempo para superar os "grandes pecados nacionais"
Petista diz que seu sonho é "contribuir humildemente" para que o Brasil cresça de forma sustentada e se torne "uma nação rica e justa"
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em discurso ontem no Palácio do Planalto a integrantes do
Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
adotou o tom que costuma usar
nos palanques políticos. Fez
promessas, pediu mais tempo
para superar os "grandes pecados nacionais" e agradeceu pelo
apoio que recebeu na crise do
mensalão do ano passado.
"Precisamos ter juros menores e uma carga de impostos
mais leves", declarou cerca de
12 horas após ter jantado com
um grupo de 27 empresários,
alguns deles integrantes do
Conselhão. Ontem, a Receita
Federal anunciou que a carga
tributária chegou ao nível recorde de 37,37% do PIB (leia
mais no caderno Dinheiro).
No jantar, Lula ouviu queixas
e sugestões para um eventual
segundo mandato. Ciente das
demandas, tratou de distribuir
promessas aos integrantes do
Conselhão, formado em sua
maioria por empresários, banqueiros e sindicalistas. A eles
pediu em várias ocasiões, implicitamente, mais quatro anos
no Planalto.
Primeiro, disse que precisa
de "mais tempo": "Avançamos
bem nos últimos três anos e
meio, mas precisamos de muito
mais tempo e muito mais trabalho para superar esses grandes pecados nacionais", que segundo ele são a má distribuição
de renda e as carências educacionais. "Meu sonho continua
sendo o de contribuir humildemente para que o Brasil encontre, definitivamente, o caminho do desenvolvimento sustentado, transformando-se numa nação rica e justa".
Lula agradeceu os presentes,
cerca de 80 conselheiros, por
não ter sido abandonado em
meio à crise do mensalão (sem
citar essa palavra). "Em nenhum momento, em todas as
reuniões de que eu participei,
senti em vocês qualquer sintoma além daquele que era de indignação com o que estava
acontecendo no Brasil."
Ontem, o conselho apresentou a Lula um plano pelo qual, a
partir de 2008 o Brasil possui
condições de crescer a taxas
anuais de 6%. Após ouvir dez
conselheiros, que mesclaram
elogios e cobranças, Lula exaltou as ações do governo, como o
aumento das exportações e da
geração de emprego, e fez promessas para um segundo mandato na exata linha que os empresários queriam ouvir.
Ele disse que é preciso melhorar a qualidade dos gastos e
diminuir despesas de custeio.
"Vamos precisar também promover um grau de abertura
maior da economia em setores
indutores de avanços tecnológicos e continuar reduzindo
nosso déficit em infra-estrutura." Para ele, a redução dos impostos "não é uma missão impossível", mas insinuou o perigo de uma mudança de comando do país: "Não podemos perder a grande oportunidade que
nós mesmos criamos. Chega de
crises a cada dois ou três anos".
Reforma política
Questionado sobre as prioridades de um segundo mandato,
Lula defendeu a reforma política: "A organização partidária
está apodrecida", disse em entrevista à Rádio Gaúcha, de
Porto Alegre. Ele defendeu o financiamento público de campanhas: "Não tem coisa mais
humilhante que um candidato
pedir dinheiro a um empresário, e o empresário ter que dar
com medo de que, se não der,
vai acontecer alguma coisa".
Lula também quer rediscutir
a duração do mandato dos senadores, de oito anos.
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