São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2000

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SÃO PAULO
Com disputa embolada, estratégia dos candidatos é manter agenda intensa na cidade e espalhar militantes fazendo panfletagem; alvo principal são 8% que se dizem indecisos
Partidos apostam em "arrastão" nas ruas

Marcelo Min/Folha Imagem
Família de torcedores que foi ao estádio do Pacaembu assistir Corinthians X Ponte Preta observa comício de Marta


DA REPORTAGEM LOCAL

Na última semana de campanha, os candidatos à Prefeitura de São Paulo apostam em "arrastões" pelas ruas da cidade para tentar garantir uma vaga no segundo turno das eleições.
O principal alvo das investidas são os indecisos (8%) e as pessoas que afirmam que votarão em branco ou anularão (6%) o voto. Juntos, somam 14% dos eleitores, de acordo com pesquisa do Datafolha publicada ontem.
É um universo mais do que suficiente para desempatar a disputa pela segunda vaga no segundo turno, já que quatro candidatos -Romeu Tuma (PFL), Luiza Erundina (PSB), Paulo Maluf (PPB) e Geraldo Alckmin (PSDB) -seguem tecnicamente empatados no segundo lugar, com 13%, 12%, 12% e 10% das intenções de voto, respectivamente.
"Vamos intensificar nossa campanha nas ruas e panfletar em todos os pontos de fluxo de público, com várias equipes", disse ontem Luiza Erundina, após uma carreata pelas ruas da zona leste.
Só do PSB, partido da candidata, serão 6.000 pessoas distribuindo panfletos e batendo de porta em porta. Os outros três partidos da coligação -PPS, PDT e PMN- também vão às ruas.
"Está tudo empatado mesmo. Isso vai ser decidido nas urnas. Está embolado. Não tem ninguém na frente de ninguém", afirmou Erundina, que classificou como "estranho" o crescimento de quatro pontos de Tuma.
A candidata deve priorizar as portas de fábricas e a periferia, locais nos quais vem investindo muito tempo na campanha.
Não são esses os alvos do senador Romeu Tuma. Ele também terá pelo menos um grande evento de rua todos os dias, mas irá, sobretudo, a centros comerciais.
Além do corpo-a-corpo do candidato, o PFL colocará nas diversas regiões da cidade mais de mil meninas e cem Kombi que farão panfletagem com muito som.
""A verdadeira realidade dos números só será conhecida no dia da eleição", declarou Tuma, ressaltando a importância dos últimos dias de campanha e dizendo apenas "respeitar" o resultado da pesquisa Datafolha que dá a ele o maior percentual de intenção de voto entre os quatro candidatos que disputam o segundo lugar.
"Agora é mais rua, mais povão, mais corpo-a-corpo", concorda a petista Marta Suplicy, que lidera a disputa com 22 pontos à frente do segundo colocado mais citado.
"Eu realmente estou muito preocupada com o segundo colocado na pesquisa. Estou falando, obviamente, dos indecisos. Os últimos dias de campanha serão dedicados a falar para eles", disse Marta no comício feito pelo PT ontem na frente do Pacaembu.
O evento, que coincidiu com o jogo Corinthians e Ponte Preta, não teve incidentes até a conclusão desta edição. De acordo com o PT, reuniu cerca de 10 mil pessoas.
No partido há quem acredite que o reforço da campanha pode definir as eleições. "Teremos de ir mais para as ruas porque ainda dá para ganhar no primeiro turno", afirmou o deputado federal Aloizio Mercadante.
O pepebista Paulo Maluf, que fez ontem uma pausa em sua campanha para ir ao Rio de Janeiro encontrar com o príncipe que governa a Arábia Saudita, deve manter sua intensa agenda de carretas, com eventos desse tipo marcados para três dias.
Com tanta gente em campanha nas ruas, é natural que eles se encontrem. Isso já começou a acontecer no final de semana.
Uma caminhada de Romeu Tuma e um comboio de Luiza Erundina cruzaram no sábado com uma carreata de Paulo Maluf.
Horas depois, motoqueiros que trabalhavam para o senador encontraram uma carreata do tucano Geraldo Alckmin. Ontem, Erundina passou por partidários de Tuma e de Alckmin que agitavam bandeiras em esquinas.
Fora algumas vaias entre os grupos, não houve incidentes.


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